sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Fundação

 Hoje, dia 31 de dezembro de 2021, é dia da fundação do Novo Templo da União. É emblemático que a fundação seja no último dia do segundo ano de pandemia no Brasil. É um dia em que é possível fazer uma análise do que aprendemos com a pandemia, o que podia ter sido feito e não foi, por quê não foi feito, o que falta, e principalmente, o que podemos fazer. A pandemia tem um potencial de escancarar nossas maiores falhas como humanos e mostrar que podemos ser melhores.

O espírito do Novo Templo da União é esse, sermos melhores, se possível em união. Aqui não é o lugar de dogmas, mas de construir ideias e ações através do diálogo e da reflexão.

Vou contar uma breve história sobre o que incentivou a criação deste espaço: em algum lugar no tempo entre 2002 e 2006, eu tive uma espécie de epifania, muito forte, de que eu devia criar um blog para uma nova igreja. Creio que eu tenha criado já no dia seguinte, com um nome muito parecido com uma igreja já existente. Igreja esta que, embora deva ter muita gente com fé verdadeira nela, tem como líder alguém que não partilha desta fé, já que foi filmado dando aulas de como extorquir os ingênuos que o seguiam.

Eu criei o primeiro texto, algo com teor ecumênico, e me sentindo como se tivesse realizado minha missão na Terra, esqueci dele completamente (soberba? Bem, é algo fácil de se abater sobre os jovens). Chegou ao ponto de eu esquecer login, senha, e o próprio nome do blog, e nunca mais encontrá-lo.

Anos se passaram e talvez minha espiritualidade foi diminuindo conforme a observação dos humanos me decepcionava mais e mais.

Tempos atrás, criei um blog para guardar minhas ideias e reflexões mais materialistas (no contexto teórico, não no banal da palavra) e convidei alguns amigos e meus irmãos para utilizá-lo como um arquivo e espaço de debate. Este blog, o Néa-Ekklésia, acabou impulsionando meu irmão do meio a postar diversos textos que ultrapassavam a ciência e a filosofia, chegando a tocar na espiritualidade.

Confesso que não sou um entusiasta a misturar muito as coisas, e não gosto de tratar a espiritualidade como algo dado como certo. Minha abordagem para o que não podemos mensurar ainda é a de pensar, 'talvez seja isso', mas nunca a de pensar 'com certeza é por causa deste fator espiritual'.

Dito isso, por que 'fundar uma igreja'? Não é o inverso da fé? Talvez. Mas eu não acredito na fé como a crença em dogmas. Acredito que a fé possa servir como combustível para ações, mas nunca como limitador da ação voltada para o bem. E o que é o bem? Creio que os textos do Elcio possam explicar melhor.

Hoje tive uma conversa com ele e com o Paulo, e talvez ela tenha sido o catalizador para a criação deste blog. A grande pergunta que ela gerou foi o 'por que não?'

Digamos que toda a espiritualidade seja inócua e no fim sejamos realmente apenas matéria, que acabará decomposta. Se isso for verdade, o que temos a perder? Se nossa espiritualidade for voltada para praticar e fomentar o bem, com ideias e ações, o depois para nós como indivíduos, não importa, mas o que fizermos e o que deixarmos de legado, pode ajudar uma quantidade espantosa de pessoas, afinal, o tempo escapa nossas percepções. Já pensou nisso? Algo que você fez hoje, pode se propagar até sabe-se lá quando.

É com esta proposta que convido à participação neste blog. A ideia também não é isolar as discussões sobre o que é palpável, ao contrário, o palpável é uma das ferramentas para o espírito. Embora eu, particularmente acredite que as discussões materialistas possam ser praticadas de maneira isolada, e que isso é importante, para agir de outra maneira na sociedade, eu acho que as discussões espirituais não podem se descolar do material. Na minha concepção, por exemplo, creio que não seja o ideal partir das discussões materiais para o espiritual, mas que é absolutamente necessário, debater a espiritualidade sem perder a matéria de vista. Isso não quer dizer que eu ache que os textos que abordam espiritualidade do Néa-ekklésia poderiam ser retirados de lá e colocados aqui, e sim que eu acho importante que eles sejam copiados de lá e colados aqui.

Por fim, gostaria de deixar mais clara a ideia por trás do Novo Templo da União. A ideia não é que nosso espaço de debate, talvez até, por que não? Nossa nova religião, descarte as outras, pelo contrário, sou contra banir qualquer religião, creio que possamos agregar tudo o que vemos de bom nas diversas experiências por quais passamos na nossa história como humanidade, e construir ideias cada vez melhores para guiar nossas ações.

Uma palavra final sobre o que eu acho que deve ser um ponto norteador: o materialismo que citei, quer dizer que para contruir uma nova religião devemos abandonar o conformismo. Ninguém é pobre ou sofre porque merece, e se por algum motivo cósmico, mereça, então que nós procuremos ajudar até o ponto que o cosmo deixa explícito que isso não possa ser feito naquele momento. Isso implica em continuar questionando nossas ações como indivíduos e como sociedade, e assim, questionar as estruturas de poder existentes. Vocês se lembram quando no Novo Testamento, Jesus convidava seus futuros apóstolos a abandonar tudo e seguí-lo? Este é o ponto norteador, não é possível apoiar qualquer ideia que faça apologia à manutenção do status quo e protega o direito à existência de milionários na humanidade. Se direcionarmos as ideias para uma construção de sociedade justa e de evolução espiritual, talvez um dia cheguemos ao ponto de que nossa evolução na própria existência material atinja um novo patamar.

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