sábado, 14 de setembro de 2024

Leitura interreligiosa de "O Sinal de Jonas" e "A Família de Jesus"

O Sinal de Jonas (Mateus, Marcos, Lucas) 

"Então alguns dos escribas e dos fariseus tomaram a palavra, dizendo: Mestre, quiséramos ver da tua parte algum sinal. 

Mas Jesus lhes respondeu, e disse: Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o sinal do profeta Jonas; 

Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia (ou peixe), assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. 

Os ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem é maior do que Jonas. 

A rainha do sul se levantará no dia do juízo com esta geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis que está aqui quem é maior do que Salomão. 

Quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares secos (sem água), buscando repouso; e, não o achando, diz: Tornarei para minha casa, de onde saí. E, (voltando) chegando, acha-a (desocupada,) varrida e adornada. 

Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado (ato) desse homem é pior do que o primeiro. Assim acontecerá também a esta geração má. E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. 

Mas ele disse: Antes bem aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam."

Os escribas e fariseus alegavam que queriam ver uma prova que Jesus era filho de Deus, por isto pediam por milagres. Porém, na verdade, eles estavam tomados por egoísmo e decididos a negar qualquer feito / milagre de Jesus, pois não queriam perder seu poder nem seu status diante a sociedade daquela época. Jesus então responde que não fará milagre algum para convencê-los de que era o filho de Deus. 

Por fim, Jesus completa seu discurso com uma passagem misteriosa. Ele diz que quando o espírito cheio de maldades sai de seu corpo, ele não encontra paz. Em aramaico o texto diz vento impuro, o que não difere muito da origem da palavra espírito em latim (spiritus: sopro, respiração). Mas porquê povos com diferentes línguas viam esta relação entre sopro/ vento/ respiração e alma/ espírito? Podem haver variadas razões: desde a “invisibilidade” do ar, comparado com o pensamento e o sentimento que não podem ser percebidos sensorialmente, até a relação entre respiração e a vida. Esta última razão parece típica de religiões orientais como o budismo e o hinduísmo. Por isso existem caminhos destas espiritualidades que trabalham a respiração, como é o caso da Kriya Yoga, por exemplo. Trabalhando a respiração juntamente com a mentalidade e prática da humildade e do servir, é possível alcançar o divino, pois a respiração relaciona-se com energias sutis e transcendentes como os chakras. O número 7 (sete) mencionado por Jesus também pode ter relação com os chakras do ser humano, que são 7. Embora para os céticos tudo isso possa parecer ridículo, trata-se de forças muito sutis intermediárias entre a psique (mente/ alma) e o corpo, como o perispírito explicado pelo espiritismo - neste último caso “peri” pode significar “em volta do” ou “acima do” espírito. 

Este espírito e/ ou vento que sai do corpo, quando imundo (aqui mais no sentido moral, de malicioso, egoísta) atrai outros semelhantes ou iguais a si mesmo. Mas quando esse sopro ou alma sai imunda do corpo? O momento pouco importa: se é no repouso, no sono, ou na morte - o que importa é a condição/ estado em que sai. Ele sai impuro da pessoa que pratica o mal nos pensamentos, nas palavras ou nas ações, como nos casos mencionados em passagens anteriores em que Jesus diz que aquele que fala mal de alguém que está fazendo o bem, está cometendo um pecado grave. Assim, o sopro ou espírito que sai do corpo neste estado reúne-se com forças tão pérfidas quanto ele mesmo, pois não progride, afinal se tais espíritos são imundos (egoístas, perversos etc), apenas causarão dificuldades ou sofrimento uns aos outros. Daí a importância de meditar e praticar os ensinamentos de Jesus: a lei divina é natural e é a propagação do bem a todos, este é o bem realmente digno do amor. 

A “família” de Jesus (Mateus, Lucas) 

"E, falando ele ainda à multidão, eis que estavam fora sua mãe e seus irmãos, pretendendo falar-lhe. E disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te. 

Ele, porém, respondendo, disse ao que lhe falara: Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; 

Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe."

 Jesus deixou sua família para realizar sua missão e por isso ressaltou a importância de que o segmento da lei divina de amor é mais importante do que os conceitos de família inventados pelas sociedades. Jesus não condenava toda e qualquer família, mas esta passagem é complementada por outros ensinamentos, como quando ele diz que não trouxe a paz, mas sim a espada, pois sua palavra colocará pais contra filhos e filhos contra pais… Mesmo porque uma família pode ser mentirosa e a favor da estagnação, da ignorância e do obscurantismo, discordando de um determinado familiar que vive a humildade, a solidariedade etc. 

Existem famílias boas que buscam se basear e praticar a lei de amor da mesma maneira que Jesus ensina, mas existem famílias onde seus integrantes traem uns aos outros ou que só se unem por causa de interesses mesquinhos que prejudicam outras famílias e outros grupos de pessoas. 

Assim, Jesus mostra que qualquer indivíduo que ouve e pratica seus ensinamentos é verdadeiramente parte de sua família. Estes que seguem os ensinamentos de Cristo, se unem livremente por amizade e pela esperança de uma humanidade mais unida e de civilizações mais solidárias. Nenhuma família tradicional, culto, ordem, seita ou grupo, é mais importante do que a observância e a prática da lei divina de amor.

 

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