sábado, 23 de novembro de 2024

Leitura ecumênica da Ovelha Perdida e da Avareza

Parábola da Ovelha Perdida (Tomé, Mateus, Lucas) 

Aproximavam-se de Jesus os publicanos e pecadores para o ouvir. 

E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores (pessoas de má vida), e come com eles. 

E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: 

Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e vai após a perdida até que venha a achá-la? 

E achando-a, a põe sobre os seus ombros, jubiloso; 

E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. 

Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento

Notando que os fariseus e os escribas julgavam os publicanos e os pecadores inferiores a si mesmos, Jesus explica sobre a verdadeira espiritualidade a eles em tom provocativo: O verdadeiro sacerdote é como um pastor que ama todas as suas ovelhas. Ele não tem o olhar insensível que vê as ovelhas como meros números nem tem a ideia mesquinha de abandonar aquela ovelha que deixou o bando, pelo fato de ainda ter muitas outras para si. A vontade de Deus é de salvar a todos, sem fazer distinção. Ele pacientemente mostra o caminho do bem e da verdade, mesmo para as pessoas que não o seguem, nem o procuravam. Isto não significa buscar e acolher aquele que recusa a lei divina de amor, pois Deus concedeu o livre arbítrio a todos. Estes que recusam deliberadamente os ensinamentos de Cristo, quando se arrependerem de suas atitudes egoístas poderão ter uma nova chance, e Deus todo piedoso, certamente os acolherá. 

Jesus não forçava ninguém a seguí-lo e nem por isso deixava de dialogar com quem tivesse alguma disposição para viver seus ensinamentos, mesmo que estes tivessem cometido algum erro (pecado) ou que levassem uma "má vida" naquele momento.

Há uma semelhança deste tipo de passagem de Jesus com a vida do filósofo Sócrates que andava entre os cidadãos e entre as elites da Grécia clássica dialogando e buscando fomentar a descoberta dos valores universais: do bem/ belo, da justiça, da temperança e da coragem. Sócrates disse encontrar mais valor entre os humildes e ignorantes do que entre supostos intelectuais e indivíduos proeminentes, mas mesmo assim foi até o fim de sua vida sem desistir de fomentar/ ensinar sobre o bem.

O homem rico/ a avareza (Tomé, Lucas

E disse-lhe um da multidão: Mestre, dize a meus irmãos que repartam comigo a herança. 

Mas ele lhe disse: "Ó homem, quem me fez um divisor?" Quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós? 

Voltou-se para os discípulos e disse-lhes: "Não sou um divisor, eu sou?" Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui. 

E propôs-lhe uma parábola, dizendo: Havia um homem rico que tinha muito dinheiro e não lhe faltava nada. Ele disse: Eu colocarei meu dinheiro em uso para que eu possa semear, plantar, colher e encher meu armazém com a produção. Seus campos produziram com abundância; E pensava consigo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. 

E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Tais eram suas intenções, mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? naquela mesma noite ele morreu. 

Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus. Se você tem dinheiro, não o empreste com juros, mas dê a alguém de quem você não o receberá de volta. 

Aqui Jesus indica o quanto dar importância ao acúmulo de bens é algo fútil e até mesmo nocivo. Embora possa parecer que clamar por herança seja algo justo, para a lei de amor, ou seja, de solidariedade e de esperança, este interesse é supérfluo. Afinal, a preocupação com a herança é a preocupação com bens que originalmente nem são da própria pessoa que está para recebê-los, além de ser a fonte de disputas, desentendimento, conflito e até de algumas violências. Esta preocupação pouco ou nada difere da mostrada pela parábola do homem rico contada por Jesus. Afinal a herança é algo que uma pessoa guardou sem uso e deixou para gerações futuras. Na parábola, Jesus mostra como tal ato é geralmente ganancioso, pois envolve guardar mais do que se realmente precisa. 

Tomé mostra que Jesus enfatiza o quanto é errado usar o dinheiro para adquirir excedentes de bens materiais.

Nas duas passagens Jesus mostra que não tem preferência alguma pelos poderosos (sacerdotes, fariseus etc) nem pelos ricos. Jesus mostrou esperança mesmo pelos de "má vida", não fazendo distinção no sentido de escolher uns e excluir outros: ele estava aberto a todas pessoas que quisessem ouvir seus ensinamentos e viver a lei de amor a todos.

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