domingo, 2 de fevereiro de 2025

Leitura Ecumênica da Misericórdia e Solidariedade de Jesus

Pedido dos filhos de Zebedeu/ Discussão entre discípulos (Mateus, Marcos, Lucas
 "Aproximaram-se dele (a mãe de) Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos. 
 E ele (Jesus) lhes disse: Que quereis que vos faça? 
 Eles lhe disseram: Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. 
 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? 
 E eles lhe responderam: Podemos. 
 Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado; Mas, o assentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence a mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado. 
 E os dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. 
 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios (pagãos), deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre eles e se denominam benfeitores
 Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal; 
 Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? 
Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve.  E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou, Para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel. 
 E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. 
 Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos." 
 O verdadeiro cristão não almeja poder sobre o povo, sejam fiéis, seja uma ou mais nações. Exercer poder sobre os outros é contra os ensinamentos de Cristo, pois o cristão vive para praticar a solidariedade, ou seja, para servir e não para ser servido. Obviamente isto não significa servir o mal, e sim, mantendo-se humilde, buscar fazer o bem. Afinal Deus criou o universo e tudo mais, não para si mesmo, mas para sua própria criação, para os seres vivos. 
 Sócrates indica que o verdadeiramente maior sempre serve o que lhe é submisso, o que lhe é inferior. O governo para ser bom teria que ser assim, pois esta é uma lei natural perceptível na natureza e em todas ocupações do ser humano: Astros como o Sol serve a vida, a natureza da Terra serve todos seus seres vivos, o médico que exerce sua profissão serve o paciente ao garantir-lhe saúde, o pedreiro que realiza suas obras serve seu cliente ao construir-lhe uma morada etc. Se a mente mais desenvolvida ou elevada busca o bem maior, ela naturalmente acaba buscando servir os mais humildes, os menos desenvolvidos etc. 

 O óbulo da viúva (Marcos, Lucas) 
 "Estando Jesus sentado defronte do gazofilácio (cofre de oferendas), a observar de que modo o povo lançava ali o dinheiro, viu que muitas pessoas ricas o deitavam em abundância. – Nisso, veio também uma pobre viúva que apenas deitou duas pequenas moedas do valor de dez centavos cada uma. – Chamando então seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu muito mais do que todos os que antes puseram suas dádivas no gazofilácio; – por isso que todos os outros deram do que lhes sobra, ao passo que ela deu do que lhe faz falta, deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento." 
 Muita gente alega não poder fazer todo o bem que deseja, por falta de recursos suficientes, e, se desejam possuir riquezas, dizem que é para lhes dar boa aplicação. A intenção de alguns pode até ser sincera, mas será completamente desinteressada em todos? Não haverá quem, desejando fazer bem aos outros, muito estimaria poder começar por fazê-lo a si próprio, por proporcionar a si mesmo mais prazeres, por usufruir do supérfluo que lhe falta, dando aos pobres só o resto? Esta segunda intenção, que esses tais porventura dissimulam aos seus próprios olhos, mas que se lhes depararia no fundo dos seus corações, anula o mérito do intento, visto que, com a verdadeira caridade, o homem pensa nos outros antes de pensar em si. O ponto válido da caridade, nesse caso, estaria em procurar ele no seu trabalho, pelo emprego de suas forças, de sua inteligência, de seus talentos, os recursos de que carece para realizar seus generosos propósitos. 
 Haveria nisso o sacrifício que mais agrada ao Senhor. Infelizmente, a maioria vive a sonhar com os meios de se enriquecer mais facilmente, rapidamente e sem esforço, buscando a descoberta de tesouros, um favorável excedente aleatório, o recebimento de inesperadas heranças etc. Que dizer dos que esperam encontrar nos Espíritos auxiliares que os apoiem na conquista de tais objetivos? Certamente não conhecem, nem compreendem a sagrada finalidade do Espiritismo e, menos ainda, a missão dos Espíritos a quem Deus permite que se comuniquem com os homens. Daí vem o serem punidos pelas decepções, (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, nos 294 e 295.) 
 Aqueles cuja intenção está isenta de qualquer idéia pessoal, devem consolar-se da impossibilidade em que se vêem de fazer todo o bem que desejariam, lembrando-se de que o óbolo do pobre, do que dá privando-se do necessário, pesa mais na balança de Deus do que o ouro do rico que dá sem se privar de coisa alguma, Grande seria realmente a satisfação do primeiro, se pudesse socorrer, em larga escala, a indigência; mas, se essa satisfação lhe é negada, submeta-se e se limite a fazer o que possa. Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever-se-á ficar inativo, desde que se não tenha dinheiro? Não: Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, encontrará de realizar o seu desejo. Procure-as e elas aparecerão; se não for de um modo, será de outro, porque não há alguém em plena posse de suas faculdades, não possa prestar um serviço qualquer, dar um consolo, aliviar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Não dispõem todos, à falta de dinheiro, do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, para de tudo isso dar uma parte ao próximo? Também aí está a dádiva do pobre, o óbolo da viúva. 

 Ajuda aos necessitados. Dar sem esperar retribuição (Lucas) 
 "Aconteceu num sábado que, entrando ele em casa de um dos principais dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando. 
 Eis que estava ali diante dele um certo homem hidrópico. 
 E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei, e aos fariseus, dizendo: É lícito curar no sábado? 
 Eles, porém, calaram-se. 
Jesus, tomando-o, o curou e despediu. E respondendo-lhes disse: Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, não o tire logo? 
 E nada lhe podiam replicar sobre isto. 
 E disse aos convidados uma parábola, reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes: 
 Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; 
 E, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro (último) lugar. 
 Mas, quando fores convidado, vai, e assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa. 
 Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado. 
 E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. 
 Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados (estropiados), coxos (mancos) e cegos, E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos. 
 Ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Feliz o que comer pão no reino de Deus!" 
 No início desta passagem, ao curar um doente no sábado, Jesus mostrou que a prática da religiosidade (da espiritualidade) é a solidariedade e isto é mais importante do que ritos e normas de qualquer “espiritualidade” ou religião. 
 “Quando derdes um festim, disse Jesus, não convideis para ele os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados.” Estas palavras, estranhas se tomadas ao pé da letra, são sublimes, se lhes buscarmos o espírito. Talvez Jesus haja pretendido que, em vez de seus amigos, alguém reúna à sua mesa os mendigos da rua, embora Kardec considerou que Jesus apenas serviu-se de imagens fortes, para dar ênfase em seu ensinamento. O âmago do seu pensamento se revela nesta proposição: “E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir.” Quer dizer que não se deve fazer o bem tendo em vista uma retribuição, mas apenas pelo prazer de o praticar. Usando de uma comparação vibrante, disse: Convidai para os vossos festins os pobres, pois sabeis que eles nada vos podem retribuir. Por festins deveis entender, não as refeições propriamente ditas, mas a participação na abundância de que desfrutais. 
 Todavia, aquela advertência também pode ser aplicada em sentido mais literal. Quantos não convidam para suas mesas apenas os que podem, como eles dizem, fazer-lhes honra, ou, a seu turno, convidá-los! Outros, ao contrário, encontram satisfação em receber os parentes e amigos menos felizes. Ora, quem não os conta entre os seus? Dessa forma, grande serviço, às vezes, se lhes presta, sem que o pareça. Aqueles, sem irem recrutar os cegos e os estropiados, praticam a máxima de Jesus, se o fazem por benevolência, sem ostentação, e sabem dissimular o benefício, por meio de uma sincera cordialidade.

 

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