segunda-feira, 17 de março de 2025

Diálogo sobre a fé, a ética e a espiritualidade de Jesus

A figueira amaldiçoada, fé em Deus e o poder da oração (Mateus, Marcos) 
 Voltando para a cidade, de manhã, Jesus teve fome; 
E, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. Então disse-lhe: Jamais alguém coma fruto de ti. Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente (No dia seguinte, pela manhã). 
E os discípulos, vendo isto, maravilharam-se, dizendo: Como secou imediatamente a figueira? 
Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até se a este monte disserdes: Ergue-te, e precipita-te no mar, assim será feito; 
E, tudo o que pedirdes em oração, crendo (com fé), o recebereis. Mas, quando vos puserdes a orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe os vossos pecados. Pois se não perdoardes, vosso Pai não os perdoará. 

 Jesus ensina a importância de se crer em Deus e o poder desta fé. Porém também indica como isto está vinculado ao seguimento dos ensinamentos de seus ensinamentos: Não adianta crer e pedir se não se perdoa o próximo: É preciso superar todos os ressentimentos, pois o rancor é contrário à lei divina. 
É possível que tal passagem também tenha alguma relação com a parábola da figueira que Jesus conta em outro momento: A figueira também foi utilizada como símbolo da inação (no caso de não dar frutos) e da ação humana conforme a lei de amor universal (no caso de gerar frutos). 

 Zaqueu recebe Jesus (Lucas) 
 Tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando. Eis que havia ali um homem chamado Zaqueu, um chefe dos publicanos, e era rico. 
Ele procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali. 
Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa. E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente. 
Vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. 
E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido. 

 Após encontrar Jesus em meio a multidão, Zaqueu comprometeu-se a abandonar seus costumes, arrependendo-se de seus erros (ou possíveis crimes) para praticar os ensinamentos de Cristo. Jesus então diz que Zaqueu também é “filho de Abraão”, indicando que pouco importa a nacionalidade da pessoa que se dedica à lei divina de amor e também indicando que todo aquele que se arrepende de seus erros ou crimes, deve ser acolhido. Sendo Deus, o criador onipresente, sua esperança solidária vai muito além de qualquer país, cobrindo o planeta Terra todo e mais. A solidariedade, a esperança e enfim, o amor de Deus (que é o mesmo amor ensinado por Jesus), transcende ciclos de criação e destruição do universo, por isso Ele quer que todos abracem esta lei que é universalmente benéfica. 
 Muitos podem perguntar “porque Deus não fez o ser humano puro e bom”? Mas este mistério deve fazer parte do livre arbítrio que Ele deu aos seres humanos e a partir daí existem a diversidade e a individualidade não só na civilização como também entre todas formas de vida. 
 Ao caírem no egoísmo, no orgulho ou no vício, muitos se perdem no caminho, mas isto faz parte de um aprendizado que certamente vai além de uma mera existência na Terra, afinal nossa alma, ou espírito, é imortal. Esta imortalidade de nossa alma está explícita não só em toda religião cristã, como também em outras religiões e filosofias como no espiritismo, na umbanda, no candomblé, em algumas vertentes do hinduísmo, na religião órfica da Grécia antiga, na antiga religião celta etc. 
 Jesus ensina que construir uma convivência piedosa, solidária e equitativa na Terra é o caminho para se alcançar uma felicidade que vai além desta vida: vai até uma de suas moradas, ou até o que ele chama de Reino dos Céus. Assim o Reino dos Céus é uma finalidade espiritual e também um sentido de vida e uma prática (de amor, equidade etc) que deve-se propagar aqui na Terra.

 Parábola dos Lavradores Homicidas (Mateus/ Marcos/ Lucas) 
Então Jesus passou a contar ao povo esta parábola: "Certo homem plantou uma vinha, arrendou-a a alguns lavradores e ausentou-se por longo tempo. 
Na época da colheita, ele enviou um servo aos lavradores, para que lhe entregassem parte do fruto da vinha. Mas os lavradores o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias. 
Ele mandou outro servo, mas a esse também espancaram e o trataram de maneira humilhante, mandando-o embora de mãos vazias. 
Enviou ainda um terceiro, e eles o feriram e o expulsaram da vinha. 
"Então o proprietário da vinha disse: 'Que farei? Mandarei meu filho amado; quem sabe o respeitarão'. 
"Mas quando os lavradores o viram, combinaram uns com os outros dizendo: 'Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa'. 
Assim, lançaram-no fora da vinha e o mataram. 
"O que lhes fará então o dono da vinha? 
Virá, matará aqueles lavradores e dará a vinha a outros". (resposta dos fariseus em Mateus e Marcos) 
Quando o povo ouviu isso, disse: "Que isso nunca aconteça!" 
Jesus olhou fixamente para eles e perguntou: "Então, qual é o significado do que está escrito? (Nunca lestes as escrituras:) 
'A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular.' “Isto é obra do Senhor e é admirável aos nossos olhos”. 
Todo o que cair (tropeçar) sobre esta pedra será despedaçado, e aquele sobre quem ela cair será (esmagado) reduzido a pó". 
Os mestres da lei e os chefes dos sacerdotes (fariseus) procuravam uma forma de prendê-lo imediatamente, pois perceberam que era contra eles que ele havia contado essa parábola. Todavia tinham medo do povo. 

 Deus deu uma missão ao povo, seja aos hebreus/ judeus, ou a toda civilização humana: A missão de fazer o bem, ou plantar e cultivar o bem. O bem não é propriedade de uns poucos, não é para poucos - é para todos, pois é um valor universal - é ético. 
Os vinhateiros da parábola contada por Jesus diante os fariseus, se mostraram egoístas, ambiciosos e por fim, violentos. Era exatamente como aqueles religiosos judeus (fariseus etc) tinham se tornado.
 No texto de Mateus, o homem que planta a vinha e arrenda suas terras aos lavradores, é chamado de pai de família. Tanto em Mateus, como em Marcos e em Lucas, este personagem se refere a Deus. Seus servos são os profetas e o seu filho, é Jesus. 
A seguir, Jesus cita Isaías (5 1-7), sobre a ingratidão do povo eleito: os construtores que rejeitam a pedra são os religiosos corruptos como os do judaísmo da época em que Jesus andou pela Terra. Estes mesmos construtores que rejeitam a pedra, são os vinhateiros que rejeitam os enviados do senhor, são os religiosos que rejeitam os profetas que trazem os ensinamentos sobre o bem - a palavra de Deus. 
Por fim, nada é do povo eleito, nem do ser humano. Nenhuma terra ou construção deveria pertencer a determinados grupos ou a determinadas pessoas. Tudo pertence a Deus onipresente e onipotente, como mencionado no trecho “Vosso é o Reino, o Poder e a Glória, agora e para sempre”. Amar a Deus é amar o próximo e a si mesmo, é amar a todos e a tudo; é querer o bem de todos, sem possessividade. 
Platão, em obras como Górgias e Apologia de Sócrates, mostra como o filósofo Sócrates não temia os poderosos na Terra. Na 1ª obra mencionada aqui, Sócrates mostra ao retórico (orador) Górgias, como é importante buscar e priorizar a justiça e o bem. O filósofo mostra para Górgias e seus apoiadores, como eles estavam enganados ao se apagarem a ideia de que podiam tudo na Terra: Usavam da persuasão para criar crendices nas pessoas, buscando viver uma vida incontida cheia de status e riquezas materiais. Sócrates menciona que a alma injusta e enganosa, na verdade é infeliz e que neste caso, essa infelicidade se propaga além da vida na Terra. Além disto, sutilmente, Sócrates indica que esta infelicidade fica no íntimo da alma (psiquê) do enganador, ou seja, a infelicidade existe no inconsciente da pessoa mentirosa. Na 2ª obra mencionada, Sócrates aparece respondendo ao seus acusadores, em um julgamento injusto, mostrando destemor diante a morte, pois lutava constantemente pelo que era justo e bom, criticando aqueles que lutam por dinheiro ou por status. 

 

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