segunda-feira, 2 de junho de 2025

Leitura sobre Jesus ante os líderes Religiosos

Jesus diante o conselho/ Negação de Pedro (Mateus, Marcos, Lucas, João

Os que prenderam a Jesus o conduziram primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, sumo sacerdote daquele ano

Pedro junto a outro discípulo conhecido do sumo sacerdote, o seguiu de longe, até ao pátio da casa do sumo sacerdote. Ora, Pedro estava assentado fora, no pátio; e, aproximando-se dele uma criada, disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu. Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes. Os servos e os guardas acenderam um fogo, porque fazia frio e se aqueciam.

O outro discípulo conhecido do sumo sacerdote saiu e falou à porteira, e esta deixou Pedro entrar. E, entrando, assentou-se entre os criados, para ver o fim.

O sumo sacerdote (ou Anás) indagou de Jesus acerca de seus discípulos e da sua doutrina.

Jesus respondeu-lhe: Falei publicamente ao mundo. Ensinei no templo e na sinagoga, onde se reúnem os judeus e nada falei às ocultas. Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes disse. Estes sabem o que ensinei.

A estas palavras, um dos guardas presentes esbofeteou Jesus dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote?

Replicou-lhe Jesus: Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, porque me bates?

Anás então enviou-o preso à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos.


E Simão Pedro que estava se aquecendo, saindo para o vestíbulo, foi visto por outra criada, que disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o Nazareno. E, daí a pouco, aproximando-se de Pedro os que ali estavam, disseram-lhe: Verdadeiramente também tu és deles, pois a tua fala te denuncia. Então Pedro negou outra vez com juramento: Não conheço tal homem.

Eis que disse-lhe um dos servos de Caifás, que era parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, a Pedro: Eu não te vi com ele no horto? Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem! E imediatamente o galo cantou.

E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente. 

Ora, os príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho, buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte; E não o achavam; apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas, não o achavam. Mas, por fim chegaram duas testemunhas falsas e disseram: Este disse: Eu posso derrubar o templo de Deus, e reedificá-lo em três dias.

E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti?

Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.

Jesus respondeu-lhes: Tu o disseste; Se eu vos disser, não me acreditareis e se vos fizer qualquer pergunta, não me respondereis. Continuou Jesus: Digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.

Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou! Para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que bem ouvistes agora a sua blasfêmia.

Que vos parece? E eles, respondendo, disseram: É réu de morte.

Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam,

Dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?


Os opositores de Jesus, essencialmente liderados pelos grupos que detinham algum poder na sociedade (sacerdotes, anciãos etc), se opunham ao amor e todas suas facetas ou virtudes correlacionadas, como a humildade, a paciência, a temperança, a piedade, a solidariedade etc. Do ponto de vista histórico, tratava-se de uma época onde as sociedades tinham menos leis, menos justiça, mais rudeza, com mais ignorância e mais violência do que nos tempos de uma sociedade mais democratizada (pós século 17). Apesar de mais rústica e violenta, a sociedade do tempo de Jesus tinha lideranças religiosas, políticas e econômicas não muito diferentes das de hoje: constituída por pessoas sedentas por riquezas materiais, por status e poder sobre os outros.

Do ponto de vista espiritual certamente também houve algum (lento) progresso após a passagem de Jesus na Terra, já que muitos costumes brutais da antiguidade são tidos como reprováveis neste início de século 21.

Com estes dois exemplos, é mais fácil imaginar o quão baixos (covardes e egoístas) e numerosos eram aqueles que desprezavam, ou mesmo odiavam a Jesus e seus ensinamentos de amor. O processo de humanização, ou seja, de difusão da importância do amor é muito lento do ponto de vista terreno, pois é uma construção histórica que demora várias gerações, porém para Deus e o reino dos céus, certamente é muito mais breve.

Simão Pedro não conseguiu manter sua promessa diante dos inimigos de Jesus. Sendo Pedro um apóstolo próximo e querido de Jesus, isto seria um mistério? Ou seria um fato esperado, tendo em vista as forças espirituais por trás de um evento tão importante? Considerando a civilização humana mesquinha e bruta do século 1, a vida (encarnação) de Jesus de Nazaré, o Cristo na Terra, mostrou-se um evento que transcende toda história dos seres humanos, tão cheia de futilidades, ganância e violência. Nunca antes na história da humanidade uma doutrina de amor espalhou-se de maneira tão vasta pela Terra, mesmo considerando a demora para as gerações de seres humanos entenderem e praticarem os ensinamentos de Cristo.


 Suicídio de Judas (Mateus)

E chegando pela manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo reuiniram-se em conselho para entregar Jesus à morte. Ligaram-no e o levaram ao governador Pilatos.

Judas, o traidor, vendo-o então condenado, tomado de remorsos, foi devolver aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta moedas de prata, dizendo-lhes:

Pequei, entregando o sangue de um justo.

Responderam-lhe: Que nos importa? Isto é lá contigo!

Ele jogou então no templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se.

Os príncipes dos sacerdotes tomaram o dinheiro e disseram: Não é permitido lançá-lo no tesouro sagrado porque se trata de preço de sangue. 

Depois de haverem deliberado, compraram com aquela soma, o campo do Oleiro, para que ali se fizesse um cemitério de estrangeiros. Esta é a razão porque aquele terreno é chamado, ainda hoje, "Campo do Sangue". Assim se cumpriu a profecia de Jeremias: "Eles receberam trinta moedas de prata, preço daquele, cujo valor foi estimado pelos filhos de Israel; e deram-no pelo campo do Oleiro, como o senhor me havia prescrito".

Somente Mateus menciona este encontro de Judas Iscariotes com os sacerdotes e líderes do estado judaico (sob o Império Romano), seguido pelo suicídio do "ex apóstolo" de Jesus.

Obviamente é difícil provar historicamente o texto de Mateus, como vários outras passagens referente a Jesus e seus apóstolos; afinal eram pessoas de baixas classes sociais, sem registro na história que era escrita basicamente por líderes de estados, de religiões etc. 

O significado da passagem é bem mais espiritual do que "histórico científico" (como a maioria das passagens do evangelho) e busca construir um saber pautado na ética e não em métodos que busquem mensurabilidade ou evidências sensoriais. O texto de Mateus indica que o profeta (judeu) Jeremias já havia "previsto" ou tido uma "visão" sobre como seus conterrâneos continuariam a trair a lei divina, cuja Jesus mostrou estar centrada no amor universal. Os líderes religiosos e políticos judeus continuariam ignorando a equidade, a justiça, a humildade e o amor por séculos desde a época de Jeremias, até a "chegada" de Jesus. São líderes que assumem tal posição no mundo por egoísmo: para se sobressair sobre as multidões ou para encherem-se de riquezas materiais e prazeres sensoriais. Estes dois tipos de indivíduos são claramente criticados na obra do filósofo grego, Platão. Em textos como a República, eles são classificados como os filonikons (briguentos ou amantes da honraria) e filokerdes (amantes do lucro ou do dinheiro). No diálogo Fédon, Platão indica que estas duas classes ou tipos de pessoas são "filosómaton", ou seja, amantes do corpo, que não se importam com a psiquê, a mente/ a alma. Assim eles também menosprezam o cognoscível e os valores universais.

Estas passagens também mostram a dificuldade de se manter no caminho da justiça, do amor e do bem: Judas, que já havia decidido trair Jesus há algum tempo, enche-se de remorso após ver os poderosos se reunirem, mas suas ações acovardadas já tinham gerado um resultado: A condenação de um justo: Jesus.

Pedro, por sua vez, mostrou-se impulsivo e/ ou hesitante até o momento em que os judeus se reuniram para condenar Jesus. Apesar de ter tentado defender Jesus usando a espada contra os judeus, parece que Pedro demorou a entender que Jesus é pacífico. Talvez o apóstolo esperasse que seu mestre enfrentasse os poderosos quando encurralado, mas isto não faz parte dos ensinamentos de Jesus.

Quando Jesus disse que "trouxe a espada", fica claro após ele reprimir Pedro, que a "espada" de Jesus era o mesmo que sua "chama": o amor universal equitativo para todos, ou seja um amor que rompia as estruturas tradicionais de obediência cega e de rigores insensíveis da sociedade como um todo. Um amor que também incinerava/ cortava as estruturas das religiões que priorizavam ritos e dogmas ao invés do amor e do bem universal.

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