sexta-feira, 10 de outubro de 2025

O que a Bíblia tem de coerente com Jesus

 Depois de anos vendo supostos cristãos contradizendo frequentemente os ensinamentos de Jesus, decidi escrever este texto.

Há cerca de 30 anos eu estava consideravelmente imerso em uma religião cristã: a católica apostólica romana. Isto porque minha mãe recebeu educação católica de minha avó e criou eu e meus irmãos nesta religião, algo que vinha no mínimo de minha bisavó. Todas elas apresentavam diferenças entre si no que diz respeito a viver os ensinamentos de Jesus e falar sobre tal tema: O que ouvi dizer sobre minha bisavó é que ela era conservadora católica fervorosa. Minha avó que pouco conheci, foi descrita por minha mãe, como mais caridosa e tolerante do que minha bisavó. Por fim, mamãe frequentou a igreja por muitos anos e ocasionalmente falava de coisas relacionadas aos ensinamentos de Jesus. 

Durante a infância então, por volta do período do catequismo (uns 11 anos de idade), eu lia bastante a bíblia - principalmente os 4 evangelhos que contavam "a vida" e os ensinamentos de Jesus. Eram os textos que mais faziam sentido para mim, embora eu me ocupasse com as coisas de criança, como brincar etc... Lembro-me de ficar entediado com as missas após um ano frequentando-as fielmente, pois percebi que o conteúdo se tornava repetitivo e às vezes eu achava que os padres focavam muito em assuntos dos quais eu duvidava se realmente eram abordados pelos ensinamentos de Jesus.

No fim de minha adolescência entendi que a igreja católica, como qualquer outra igreja, tem uma história constituída por muitos religiosos de atitudes bem distantes das de Jesus. Estudar a história de Jan Hus e das revoltas hussitas, me deixou claro que a igreja é só uma instituição formada por homens falhos - ela não garante nada de bom/ nada do amor ensinado por Jesus. Jan Hus foi perseguido e morto pelos poderosos europeus do séc 15 porque difundiu os ensinamentos de Jesus, que eram centrados na humildade, no amor solidário e na esperança, questionando a igreja e os poderosos. Embora o protestantismo tenha surgido com a proposta de reformar a igreja/ o cristianismo durante o séc 16, ainda no mesmo século os protestantes tomaram posições de poder na Europa e passaram a perseguir outros religiosos, como por exemplo, na Inglaterra. As igrejas, sejam as católicas ou as protestantes, hoje chamadas de evangélicas, de neopentecostais ou simplesmente de "cristãs", são em sua maioria instituições de poder. 

Voltei a ler a bíblia pelo velho testamento somente anos após terminar o ensino médio. Comparei tais textos com a história e vi as diferenças entre religião e ciência. Estas diferenças não são um antagonismo, mas mostram algumas incoerências, lacunas e coerências entre os dois saberes. Depois comparei as religiões umas com as outras: principalmente as antigas como a "mitologia" grega e a "mesopotâmica" com o velho testamento - ou seja, comparei o judaísmo com aquelas religiões do passado. Esta comparação me fez entender que o judaísmo, ou "velho testamento", era algo mais coerente do que as histórias absurdas das religiões politeístas da antiguidade (classificadas como mitologias posteriormente). Todas histórias, sejam do judaísmo, do politeísmo grego ou do mesopotâmico, tinham coisas estranhas, é claro, mas aqui vale começar as observações:

A religião politeísta grega que li, me pareceu a mais acessível das mitologias ou sistemas religiosos antigos: ela é supostamente baseada nas poesias helênicas de Homero e Hesíodo. É composta de um corpo de textos mais ou menos coerente no que se diz respeito às genealogias de entidades (deuses), mas obviamente cheias de exageros, de contos de excessos, descontrole e até de machismo (que era normal na época entre os séculos 8 e 6 antes de Cristo). Os contos absurdos do antigo politeísmo grego e suas poesias não diferiam muito das bizarrices da "mitologia" nórdica. Autores helênicos renomados em um período posterior ao dos antigos poetas (a Grécia clássica, no século 4 a.C.) viriam a criticar estes mitos/ poesias de diferentes maneiras. Enquanto os filósofos naturalistas (pré socráticos) fizeram críticas buscando explicar fenômenos naturais, Sócrates e Platão fizeram críticas buscando uma construção do conhecimento (epistemologia) ética, ou seja, focada na bondade (kalos), na justiça, na temperança (sophrosyne) e na coragem (andreas). Como tanto os "pré socráticos" como os socráticos buscavam a(s) verdade(s), estas críticas não eram meramente destrutivas, mas não detalharei elas neste texto.

Por um outro lado, não encontrei nada aparentemente útil, justo ou bom na "mitologia" mesopotâmica: Os deuses mesopotâmicos como Anu, Enlil, Enki (entre outros) participavam de histórias de conspirações, traições e outras coisas similares aos mitos gregos. Mesmo o "herói" Gilgamesh tem notórios traços de uma pessoa ambiciosa e pouco ética; seu parceiro Enkidu parecia mais humilde ou justo, mas não é o protagonista da história/ mito.

Claro que estas religiões estavam ligadas a determinadas culturas e civilizações e a comparação que eu fiz entre elas foi mais como fenômeno filosófico (ético) e de espiritualidade (ou religiosidade) do que social/ regional. Vendo tudo isto, ficou nítido que o judaísmo, ou "velho testamento" contém histórias que buscam mais uma ética em relação aos mitos gregos e mesopotâmicos. Porém nenhum dos textos e seus respectivos ensinamentos é perfeito, certamente porque foram escritos por humanos e tinham as limitações de seu tempo - são obras de 6 a 15 séculos antes de Cristo. 

As mudanças de ideais sobre o que é certo e errado, o que é bom e mau, não são meramente individuais: elas servem também à vida coletiva dos seres humanos e mesmo nos textos religiosos isso é perceptível. Tais mudanças muitas vezes ocorrem gradualmente e tocam questões éticas frequentemente. Um grande marco típico no desenvolvimento da ética do ser humano e em seus resultados perceptíveis na sociedade (através das leis, costumes, ritos, cultura etc) é quando diferenças oriundas de grande concentração de poder são reduzidas, seja esse poder econômico, político e/ ou religioso. Esse desenvolvimento é particular em algum nível porque é do ser humano como indivíduo com seus respectivos interesses, intenções e interpretações, mas também é social e coletivo pois perpassa o convívio entre seres humanos, suas trocas, suas leis, suas crenças/ sentido de vida etc. Obviamente o desenvolvimento ético não é meramente linear - ele ocorre também de modo oscilante com altos e baixos, seja por causa de revoluções nas sociedades ou por causa de colapsos de civilizações, de economias, de religiões etc. Quando tratamos o aspecto religioso do ser humano e de suas sociedades é inevitável abordamos as crenças, o sentido de vida e as experiências transcendentais ou místicas. Muitos dos aspectos "milagrosos" das religiões e da espiritualidade tocam estes últimos temas, mas os ensinamentos religiosos ou espirituais também envolvem questões para além do indivíduo, como as questões sociais. Isto é notório desde o velho testamento: Moisés traz não só as leis de Deus, mas tantas outras leis para a sociedade hebraica de séculos antes de Cristo. Isaías e outros profetas tocam questões inevitavelmente sociais/ coletivas como a equidade... E assim também faz Jesus. 

O velho testamento porém trata de várias questões particulares de séculos antes de Cristo: é absurdo descolar estes textos da época em que foram escritos e da sociedade que eles tratavam. Os textos do velho testamento são obras judaicas (daquele povo da região do Levante/ costa oeste da Ásia/ às margens do Mar Mediterrâneo), das quais as mais antigas que sobreviveram ao passar do tempo datam por volta do século 9 a.C. Certamente a religião judaica e o conteúdo do velho testamento são mais antigos do que isso, pelo simples fato do ser humano ser capaz de transmitir tradições e conhecimentos de maneira oral, através do diálogo e do contar histórias para seus sucessores. Então o que é atemporal (imutável, que não perde valor com o tempo ou com particularidades culturais e individuais) nos textos do velho testamento? Uma explicação racional sobre a imutabilidade (e assim, da atemporalidade também) é dada por Platão, filósofo da Grécia clássica que questionou os contos religiosos de sua época e do passado. Platão, que dialogou com a obra de outros filósofos (pitagóricos, Parmênides, Anaxágoras etc), afirma que as excelências (ou virtudes) como a justiça, a bondade/ a beleza (kalos), a temperança e a coragem são ideias (eidos) imutáveis. Isto porque além delas não serem deterioráveis (são psíquicas, alcançáveis pelo ser humano em sua atividade cognoscente), elas são universais: servem ao coletivo de seres humanos, como por exemplo, às cidades, aos estados (às pólis) etc. 

O que serve ao coletivo de seres humanos através do tempo é a equidade, a justiça, a solidariedade... tópicos que também aparecem em alguns pontos do velho testamento. Porém, no velho testamento há ensinamentos voltados para os povos da antiguidade (sejam chamados de hebraicos, judeus etc) vivendo entre as eras do bronze e do ferro, cercado por impérios que constantemente entravam em guerra com várias civilizações de seus arredores. A violência fazia parte do cotidiano, principalmente através de guerras com motivos mesquinhos; a imposição de ideias, de culturas e leis certamente também eram comuns. Apesar de apresentar algumas ideias éticas como repudiar o assassinato, defender a equidade, entre outras, grande parte dos ensinamentos do velho testamento são voltados às dificuldades daquela época antiga e por isso são pouco ou nada úteis para a atual civilização do século 21, pois a sociedade, seus costumes, leis e outras características mudaram.

Jesus por um outro lado centraliza os seus ensinamentos não em tradições sociais, mas em valores universais. De modo similar à ênfase de Platão, Jesus ensina o que é bom para todo o ser humano, desde a um nível individual até o nível onde é possível ver os frutos: o nível social/ coletivo. Jesus ainda dá a ênfase no sentimento, particularmente do Amor, como nenhum outro indivíduo parece ter feito antes. Isto faz dele mais acessível às massas que Platão, pois o filósofo ensina o caminho da construção de conhecimento ético via diálogo: Essa construção de conhecimento do fundador da filosofia ocidental é um método mais racional que visa o bem coletivo/ social, mas dialoga com os mitos e as experiências místicas, enquanto Jesus parece dar a ênfase no viver um amor esperançoso, humilde e universal. A evolução que ocorria lentamente nas religiões da antiguidade ganha um impulso mais repentino com Sócrates e Platão na Grécia e com Jesus na província romana da Judéia. Jesus, de origem humilde, pregou seus ensinamentos entre o povo possivelmente oprimido do oriente do Império Romano: um povo enganado por sacerdotes judeus gananciosos (fariseus, escribas, saduceus etc) e desprezado e dominado pelo poder romano, seja pela classe militar, política ou econômica. Seus ensinamentos sobre viver um amor universal geralmente não exigem explicações longas ou aprofundadas e talvez por isso fosse fácil de se propagar entre as massas, ou seja, a maioria das pessoas que eram pobres, de origem humilde ou de vida simples. 

Mas e o restante da bíblia? Jesus marca o início do que os cristãos chamam de "novo testamento" da bíblia. Os demais textos do novo testamento então foram feitos por sucessores de Jesus, sejam eles os apóstolos Pedro, Mateus, João, Paulo e/ ou quaisquer outros. Estes textos tratam dos ensinamentos de Jesus, mas certamente voltam a tratar de questões de época: desta vez do século 1, período em que os apóstolos viveram. Ignorar o período em que foram escritos é mais um absurdo, seja por parte de cristãos, ou por parte de outros indivíduos, sejam ateus ou outros religiosos e espiritualistas. É absurdo para os religiosos cristãos porque é colocar Paulo e os demais apóstolos no mesmo nível de Jesus (que é Deus para católicos e evangélicos) e é absurdo para outros indivíduos porque é ignorar que Jesus enfatizou ensinamentos éticos, enquanto apóstolos posteriores como Paulo, já buscavam meios de conciliar os ensinamentos de Jesus com a sociedade do século 1. Um exemplo importante é a afirmação de Paulo sobre os efeminados: para o apóstolo, estes indivíduos não terão o reino dos céus. Mas quem eram os efeminados da época e do local em que Paulo viveu? Certamente ler só as cartas de Paulo para entender isso é correr um risco de cometer um erro grosseiro. Até onde me lembro, ao estudar a história do Império Romano (onde Paulo viveu), efeminados eram uma classe de prostitutos! Sim, homens que se prostituíam e não meros homossexuais ou bissexuais como entendemos hoje, 21 séculos depois da morte de Paulo!! Infelizmente vemos pastores evangélicos pregando contra homossexuais (e os demais LGBTQIA+) neste início de séc 21, usando textos de Paulo e do velho testamento. Além disto, Jesus diz aos sacerdotes/ religiosos de seu tempo, que até mesmo os cobradores de impostos e as prostitutas estão a frente deles no reino dos céus. Isso porque as prostitutas acreditaram nos ensinamentos de João Batista (que batizou Jesus), enquanto os fariseus e outros sacerdotes negavam os ensinamentos de Jesus e seu amigo, para manterem uma posição de privilégio na sociedade. 

Jesus viveu ensinando maior parte do tempo nas ruas, sem um lar, criticando os ricos, mas sem defender a pobreza em si. Era uma vida de óbvio desapego aos bens materiais e firme convicção no amor universal de solidariedade constante. Jesus entrou poucas vezes em templos religiosos (as sinagogas da Judéia romana): Quando adulto, entrou no templo dos nazarenos, mas acabou escorraçado por estes e noutra vez elogiou a pobre mulher que, em sua fé, deixou todo seu dinheiro no cofre de doações; Em mais uma visita, seus discípulos se admiram com o esplendor do templo religioso, enquanto Jesus apenas explica que o templo será destruído pela ação do tempo e dos conflitos de interesses mundanos. Possivelmente a mais emblemática entrada de Jesus em um templo religioso, é quando ele expulsa os mercadores da fé que se aproveitavam da religião e da crença das pessoas para obter dinheiro e lucro. Em mais de uma passagem, Jesus diz que as pessoas estão com o "coração endurecido", devido ao fato de não quererem ver nem viver o amor solidário e universal que ensinava. Jesus viveu uma vida simples de amor. 

Por fim, o texto do Apocalipse, também do novo testamento é cheio de expressões figuradas e simbolismos. Isto por si só já o diferencia dos ensinamentos de Jesus, pois apesar de usar eventuais parábolas, Jesus é claro nos ensinamentos de solidariedade, amor, humildade e esperança. O Apocalipse é uma série de visões místicas ou transcendentais de modo similar às visões do profeta Ezequiel, mostradas no "velho testamento". A numerologia é presente de maneira nítida: 7 trombetas, dragão de 7 cabeças, 4 cavaleiros, 4 bestas etc... Nada disso deve sobrepor a ênfase dos ensinamentos de Jesus, que diz "nem meu Pai julga"! E infelizmente o que vemos entre evangélicos são pastores (e seguidores) pregando sobre o inferno, sobre satanás, quem será condenado etc. A visão simbólica e marcante que João teve é particular e para não sobrepor os ensinos de Jesus, ela deve servir para o mesmo se aprimorar espiritualmente. Este aprimoramento espiritual com simbolismos numerológicos existe em outras culturas pelo mundo, como na hindu por exemplo, onde há os 7 chacras e serviria para João se aproximar de Jesus espiritualmente. A serpente bem como o dragão é presente em inúmeros textos e simbolismos religiosos através do tempo pelo mundo: Hércules derrotando a Hidra no mito grego, Thor enfrentando Jorgurmandr no mito nórdico, fora os mitos hititas, eslávicos, japoneses (etc) que também apresentam algum deus ou herói vencendo um tipo de serpente ou dragão. Esta simbologia da vitória sobre a serpente ou sobre um réptil similar à serpente certamente significa a vitória contra o que envenena nossa mente, nossa alma - E para dialogar com a ética, seja ensinada por Jesus, por Platão ou por qualquer outro, a vitória sobre a serpente deve ser a superação do indivíduo sobre o egoísmo, e tudo que se opõe à solidariedade, à moderação, à justiça etc. Quando o anjo explica sobre reis e povos relacionados a prostituta e à fera escarlate de 7 cabeças e 10 chifres, ele deixa claro que o nome "Babilônia" é meramente simbólico - pouco importa uma localização na Terra. O anjo ainda diz que o cordeiro vencerá (Jesus e seu ensinamento) e que "a besta era" e "já não é mais". Sendo assim, pouco importa reis, prostitutas e dragões - a mensagem para João é de afastamento do egoísmo e superação do descontrole/ dos exageros em prol da solidariedade, da humildade e da esperança, enfim em prol dos ensinamentos de Jesus. Certamente por tratar um caminho que perpassa os sentimentos e a subjetividade humana, o Apocalipse é altamente mítico e místico com pouca racionalidade - estas perspectivas de consciência devem se pautar sempre pela ética e o amor de Jesus é ético porque é universal: é para todos os seres humanos, pois todos são filhos de Deus.

Após a primeira geração de apóstolos, gradativamente surgiram os textos sobre os ensinamentos de Jesus e sobre os cristãos do final da antiguidade. 2 séculos depois da morte de Jesus, seus seguidores, os cristãos, ainda eram perseguidos. Registros históricos eram escassos: cartas entre Plínio e o imperador Trajano só confirmaram a existência dos cristãos, sem menções diretas à Jesus. Nas catacumbas romanas por um outro lado, são deixados registros importantes: imagens de Jesus, de Maria e também de personagens das religiões greco-romanas: um possível sincretismo, já que os cristãos conviviam em uma sociedade que já tinha séculos de tradição religiosa politeísta, de filosofia etc. O cristianismo não era uma ideologia isolada e invulnerável à interpretações: várias vertentes (arianos, valentinianos etc) surgiram após a primeira geração de apóstolos e antes da primeira "grande reunião" de cristãos que viria a acontecer.

No início do século 4, Constantino é o primeiro imperador a se interessar pelo cristianismo e o conturbado Império Romano já havia se fragmentado algumas vezes com constantes disputas pelo poder. Constantino convocou o primeiro concílio de bispos que definiu o nome "católico" para os cristãos, além de propagar a idéia de Jesus sendo co-substancial com Deus (ou qualquer coisa assim, que não detalharei neste texto). As perseguições aos cristãos foram proibidas, o que deveria ser bom, mas poucas décadas depois ocorreu a primeira perseguição de cristãos sobre outros religiosos. No ano de 380, o imperador Teodósio declara o cristianismo (católico) como a religião de estado e aí temos um óbvio problema se formando... Outros "concílios" passam a acontecer nos séculos seguintes e várias vertentes do cristianismo são suprimidas, chegando a ocorrer incineração de obras... As religiões católicas e até mesmo as protestantes/ evangélicas mantiveram vários dogmas criados nestes concílios e por "pais da igreja" que viveram várias gerações depois de Jesus. Apesar disto ainda é possível ler os 4 evangelhos que tratam dos ensinamentos de Jesus e descartar todos os dogmas religiosos. É possível viver, ou ao menos se esforçar em viver mais e mais próximo de Jesus, assim como é possível ler e dialogar sobre a construção de conhecimento ética de Platão. Tudo começa na mente humana ao ler, ao entender, ao dialogar e ao expressar... e então gera frutos no meio, na sociedade, em proporções maiores ou menores.

Não deveria ser difícil entender e por em prática os ensinamentos de Jesus; Não deveria ser difícil ser ético em mentalidade e em ações, nem em fé ou esperança... Se pautar pelo mal ou pelo defeito de outros é fácil, mas é nocivo, seja a curto prazo ou a longo prazo, porque o que faz bem, faz bem à todos: são os ensinamentos de Jesus que diferem não de tudo, mas de muita coisa do velho testamento. Os evangelhos (as "boas novas", termo que vem de eu-angelos, ou seja, boa mensagem) de Marcos, Mateus, João e Lucas, são suficientes para entender os ensinamentos de Jesus. Independente da origem do título Cristo (que pode significar tanto bom, como ungido) por qual Jesus passou a ser conhecido, os cristãos se nomeiam a partir deste título de Jesus. Eles deveriam ler estas boas mensagens de Jesus - elas são o suficiente para entender seus ensinamentos e a lei divina, que é de solidariedade, humildade e esperança - é de um amor universal. Se a mensagem de Jesus não parecer suficientemente compreensível, dificilmente o "velho testamento" será tão ou mais compreensível quanto... Se os 4 evangelhos que contam os ensinamentos de Jesus não explicassem como pensar e praticar o amor divino, porque as cartas de Paulo explicariam?

 

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