domingo, 15 de junho de 2025

Leitura sobre Últimos encontros com Jesus

Ressurreição e aparição a Maria Madalena (Mateus, Marcos, Lucas, João)

Eis que no primeiro dia da semana, houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela. Resplandecia como um relâmpago e suas vestes eram claras como a neve. Vendo isto, os guardas pensaram que morreriam de pavor.

E Maria Madalena, Maria e algumas outras (Salomé) foram ao sepulcro de madrugada (quando amanhecia), levando as especiarias (aromas para ungir) que tinham preparado. Sendo ainda escuro, viram a pedra tirada do sepulcro. E entrando não acharam o corpo do senhor Jesus.

Correram, pois, e foram a Simão Pedro, e ao(s) outro(s) discípulo(s), a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. E eram Maria Madalena, Joana, Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos. Enquanto elas voltavam, alguns homens da guarda já estavam na cidade para anunciar o acontecimento aos príncipes dos sacerdotes. Reuniram-se estes em conselho com os anciãos e deram aos soldados uma importante soma de dinheiro, ordenando-lhes: Vós direis que seus discípulos vieram retirá-lo à noite, enquanto dormieis. Se o governador vier a sabê-lo, nós o acalmaremos e vos tiraremos de dificuldades. Os soldados receberam o dinheiro e seguiram suas instruções. E esta versão é ainda hoje espalhada entre os judeus. 

Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou.

Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis,

E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos. Tornaram, pois, os discípulos para casa.

Magdalena (e Maria) estava(m) chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro.

E viu dois anjos vestidos de branco (resplandecente), assentados onde esteve o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.

E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Maria Magdalena lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.  E o anjo disse-lhes: Não temais! Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou; Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.

E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus.

Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando (pensando) que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.

Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre. Aproximaram-se elas, e prostradas diante dele, beijaram-lhe os pés.

Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.

Maria Madalena foi (com Joana e Maria, mãe de Tiago) e anunciou aos (aflitos e chorosos) discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto. Quando souberam que Jesus vivia e que ela tinha visto, não quiseram acreditar (pois lhes pareceu um delírio).


Jesus aparece para Maria Magdalena e Maria (sua mãe) de acordo com os apóstolos Mateus e Lucas, mas Marcos e João alegam que ele surgiu primariamente apenas para Magdalena. Em todo caso, a passagem mostra o protagonismo das mulheres - elas que permaneceram junto a cruz onde Jesus foi pregado, foram as primeiras a procurarem Jesus e as primeiras a receberem sua “visita”. 

Maria Magdalena que fôra liberta de “7 demônios” por Jesus, possivelmente recebia uma atenção especial. É possível que ela fosse considerada a décima segunda apóstola por Jesus, mesmo porque o filho de Deus já havia previsto que Judas Iscariotes era um traidor antes mesmo de ser capturado. João ressalta que Jesus a chama pelo nome quando aparece diante dela, certamente indicando o amor puro que sentia por ela.  

Jesus também diz que ainda não subiu para o seu Pai, indicando uma relação com a idéia que ainda não fôra ao reino dos céus. Isto pode ser interpretado como o fato dele realmente estar encarnado pelo fato de ter ressuscitado, porém os espíritas interpretam esta cena e as cenas seguintes de Jesus, como visões, ou seja, o espírito dele estaria visitando seus apóstolos. É uma discussão supérflua, que deixa de lado os temas principais do cristianismo: O amor.  


Os discípulos de Emaús (Marcos, Lucas)

Mais tarde ele apareceu sob outra forma a 2 entre eles que iam para o campo; Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. Iam falando um com o outro sobre tudo o que se tinha passado. Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus se aproximou deles e caminhava com eles. Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.

Perguntou-lhes então: De que estais falando pelo caminho e porque estais tristes?

Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que aconteceu esses dias?

Perguntou-lhe: Que foi?

Disseram: A respeito de Jesus de Nazaré… Era um profeta poderoso em obras e palavras diante Deus e de todo o povo. Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel, e agora, além de tudo isso, é hoje o terceiro dia que sucederam estas coisas. É verdade que algumas mulheres entre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol; e não tendo achado seu corpo, voltaram dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram.

Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência (néscia)! Como sois tardos de coração para crerdes tudo o que anunciaram os profetas! Porventura não era necessário que Cristo sofresse estas coisas e assim entrasse na sua glória? E começando por Moisés, percorrendo todos profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.

Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-no a parar: Fica conosco, já é tarde e já declina o dia. Então entrou com eles. Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o e partiu-o, e os olhos o reconheceram… mas ele desapareceu. Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos explicava as escrituras?

Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os onze e os que com ele estavam. Todos diziam: O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão. Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como tinham reconhecido ao partir o pão, mas estes (os onze) tampouco acreditaram.  


Esta passagem aparece muito resumidamente “em Marcos” e mais detalhada nos textos atribuídos a Lucas. Interessante notar como Cléofas e o outro apóstolo descreveram Jesus como um profeta e também como eles esperavam que ele fosse restaurar a nação de Israel, afinal esta sucumbiu muitos anos antes e a região se encontrava sob domínio do Império Romano.

Cléofas e seu colega também afirmaram que a execução de Jesus era algo publicamente conhecido na região; Jesus por sua vez, em tom crítico, reprova a tristeza deles: Eles deviam saber que Jesus sofreria o que sofreu e que Israel não seria restaurada por ele - Isso porque a ênfase de Jesus sempre foi na lei de amor (piedade, solidariedade, equidade etc) e não em nacionalismos e outras convenções humanas mundanas.  

Por fim, Jesus abençoa o pão, partindo-o e desaparece diante os 2 apóstolos; As religiões católica e protestante predominantemente entendem essas aparições de Jesus como um personagem encarnado (em carne e osso), enquanto o espiritismo explica que elas foram manifestações do espírito de Jesus. Quaisquer obras físicas feitas por Jesus durante “suas aparições” então, de acordo com o espiritismo, teriam sido realizadas através de seu perispírito: o “fluido” (possivelmente radiação eletromagnética) produzido pelo espírito e que serve também como o elo entre este (a alma) e corpo quando encarnado. Uma diferença irrelevante entre as narrativas das passagens de Jesus, porém que incita paixões e ódios quando discutida entre fanáticos de quaisquer tipos.


Aparição aos Discípulos (Mateus, Marcos, Lucas, João)  

Enquanto ainda falavam destas coisas, na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles, quando estavam sentados à mesa, dizendo: “A paz esteja convosco!” 

Perturbados e espantados, pensavam estar vendo um espírito. Mas ele lhes disse: 

Por que estais perturbados, e por que estas dúvidas em vosso corações? Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. 

Os discípulos se alegraram ao ver o Senhor. 

E (Jesus) censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, por não acreditarem aos que o tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho (as boas mensagens) a toda criatura. Quem for batizado será salvo, mas quem não crer, será condenado. Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos, e eles ficarão curados.

Depois lhes disse: Isto é o que eu vos dizia quando ainda estava convosco, era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas, que ressurgisse dos mortos no terceiro dia, e que em seu nome pregasse a penitência e a remissão dos pecados em todas nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de tudo isso. Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai; entretanto permanecei na cidade, até que sejais revestidos de força do alto.

Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 

Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor.

Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos e não puser o meu dedo no lugar dos pregos nem introduzir minha mão no seu lado, não acreditarei.

Oito dias depois estavam os discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse:

A paz esteja convosco!

E dizendo isso mostrou-lhes as mãos e os pés. Depois disse a Tomé:

Introduz aqui teu dedo e vê minhas feridas. Põe a tua mão no meu lado. Apalpai e vêde: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. 

Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou:

Tendes aqui algo para comer?

Então lhe ofereceram um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu a vista deles.

Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!

Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!


A aparição de Jesus aos seus discípulos na sala onde faziam a refeição é mencionada nos textos de Marcos, de Lucas e de João. Somente João menciona que o ambiente está fechado/ trancado e que Tomé só viu Jesus, 8 dias após os demais discípulos.

Aqui a sequência está misturada/ trocada: O trecho em que Jesus come o pedaço de peixe é citado só no texto de Lucas, como se Jesus estivesse provando a todos que se manifestou em carne e osso. Marcos, que parece ser mais sucinto, não cita nada disso e João mostra que Jesus só é mais enfático para provar sua presença materializada diante Tomé, pois os demais apóstolos não eram tão céticos quanto o “Dídimo”.

As igrejas católicas e protestantes (evangélicas) classificam tal cena como parte da ressurreição de Jesus. O espiritismo explica que é um tipo de fenômeno mediúnico causado pelo espírito de Jesus que é o mais próximo de Deus: assim Jesus tem o poder de, através de seu perispírito, criar uma forma corpórea idêntica ao seu corpo, através do que Kardec no século 19 estipulava ser um tipo de fluido magnético e/ ou elétrico. Hoje sabemos que o magnetismo e a eletricidade não se manifestam por um fluido e sim por campos/ ondas, pois o eletromagnetismo é radiação, porém a ciência com seus respectivos métodos e pressupostos não podem investigar nem explicar tais fenômenos: geralmente ela parte de que só existe a matéria/ o espaço tridimensional e nada espiritual. Talvez coubesse uma explicação filosófica que possui um método de investigação puramente racional e dialético. Ainda assim a explicação filosófica deveria ter a ética e seu(s) valor(es) universais como pressuposto.

Esses detalhes de como ocorreu a "ressureição" de Jesus, seja a versão das igrejas, do espiritismo ou de qualquer outra espiritualidade ou filosofia, pouco importam pois não tratam dos ensinamentos de Jesus sobre seu amor solidário de coração (mente/ espírito) e de ações. 

Jesus pediu para que os apóstolos pregassem o “evangelho” por todo o mundo. A palavra "evangelho" é grega em sua origem e talvez nem fosse conhecida por Jesus. Dificilmente ele usaria esta palavra como foi escrita nas bíblias nas línguas gregas, latina, portuguesa ou inglesa - ele possivelmente pronunciou um termo como “boa mensagem” ou “boa novidade” (algo equivalente a "ev - angelos") se referindo aos seus ensinamentos de amor divino. Isto vale ser citado para lembrar que Jesus propagou um ensinamento pautado na amizade entre todos humanos - o amor é um bom sentimento, e o que Jesus pregou foi o amor universal - equitativo entre toda a humanidade. Por isso ele disse para João não repreender quem propagasse seus ensinamentos mesmo que este não fosse um discípulo e por isso Jesus citou um estrangeiro como "o próximo" a ser amado e também por isso elogiou o centurião que se mostrou humilde mesmo pertencendo a outra cultura (romana).

Discutir como ocorreu a cena da aparição aos discípulos exatamente ou bradar que somente a sua versão (de sua respectiva religião etc) é correta, é um daqueles assuntos que geram discórdias e disputas que contradizem os ensinamentos do próprio Jesus. Ao longo da história, aproximadamente entre os séculos 4 e 11, os concílios da igreja calaram muitas vozes de cristãos independentes de sua centralização e destruíram muitas obras que discutiam temas como estes e outros semelhantes. Os concílios em grande parte mostraram-se mais imposições e opressões do que conciliações, justamente porque não tinham a ética do amor universal de Jesus como finalidade.

Mesmo a reforma da igreja fomentada por Lutero no século 16, ainda perpetuou dogmas que não estavam centrados nos ensinamentos de Jesus e seu amor universal, ou seja, de diálogo coletivo - Jesus não condenava outros que pregavam seus ensinamentos.


Aparição na Galiléia (Mateus, João)

Os onze discípulos foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado. Depois disso, tornou Jesus a manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades, deste modo:

Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, Natanael (que era de Caná da Galiléia), os filhos de Zebedeu (João e Tiago) e outros dois de seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar.

Responderam-lhe eles: Também nós vamos contigo. Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam. Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Quando o viram, adoraram-no, entretanto, alguns (discípulos não o conheceram) hesitavam ainda.  

Perguntou-lhes Jesus: Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer?

“Não” Responderam-lhe.

Disse-lhes ele: Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis.

Lançaram-na e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes.

Então aquele discípulo que Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor! Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu)e lançou-se às águas. Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe da terra, senão cerca de 200 côvados). Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão.

Disse-lhes Jesus: Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes. Subiu Simão Pedro e puxou a rede para terra, cheio de 153 peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.

Disse-lhes Jesus: Vinde e comei.

Nenhum dos discípulos ousou perguntar quem és tu? pois bem sabiam que era o Senhor. Mas Jesus aproximando-se, tomou o pão, lhes deu, e do mesmo modo o peixe. (Então) lhes disse:

Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois ensinai a todas as nações, batizai-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.

Esta já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado.


Mateus e João falam de uma manifestação de Jesus aos seus discípulos na Galiléia; porém o primeiro só menciona a fala de Jesus sobre a importância de se espalhar seus ensinamentos, enquanto o segundo mostra mais um milagre. A autoridade de Jesus indicada por Mateus não contradiz necessariamente seu amor que é o mesmo de Deus que não julga seus filhos, ou seja, não julga vida alguma. É uma autoridade adquirida por Jesus viver os ensinamentos do amor universal de seu Pai - afinal como Deus não amaria TODA a sua criação? Aquele que vive o amor de corpo e alma, ou seja, na prática em suas ações e também na mentalidade sincera, vive os ensinamentos de Jesus e a lei de Deus. Jesus viveu na humildade, sem acumular bens, sem objetificar pessoa alguma, ajudando os mais necessitados e estabelecendo regras para um convívio pacífico entre pessoas de todas as nacionalidades.  

O batismo mencionado no texto de Marcos e de Mateus, é um ritual existente desde a primeira religião abraâmica - o judaísmo (embora outras religiões também possam ter rituais de iniciação similares ou equivalentes). Mostra-se um rito simbólico de purificação; Simbólico porque trabalha elementos da natureza como a água e sua interação com o corpo, mas não se limita a isso: é uma passagem onde o batizado é introduzido ou comprometido na fé da religião em particular. Mais importante que o ato físico, seja qual for, é a mentalidade sincera dos envolvidos (seja por parte do que batiza ou de ambos: o batista e o batizado). Essa mentalidade é pautada pela lei divina que é de amor a todos, uma vontade e um compromisso com o amor universal de Deus.


Profissão de amor de Pedro (Apêndice, conclusão de João)

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros.

Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me?

E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.

Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. Dito isto, disse-lhe: Segue-me.

E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair?

Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será?

Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.

Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?


Jesus pede a Pedro para que este conduza os cristãos. E quando Pedro pergunta sobre “o discípulo que perguntou quem trairia Jesus”, é possível que ele se refira a João (Evangelista). É aceito que João era o mais jovem dos apóstolos e o que mais viveu…


Ascenção (Marcos, Lucas)

Depois (que o Senhor Jesus lhes falou) os levou para Betânia e, levantando as mãos, os abençoou. Enquanto abençoava, separou-se deles e foi levado (arrebatado) ao céu e está sentado à direita de Deus. Depois de terem o adorado, voltaram para Jerusalém com grande júbilo e permaneceram no templo, louvando e bendizendo a Deus.

Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com milagres que a acompanhavam.


Como um ensinamento de amor, a palavra de Jesus e de seus discípulos não poderia ser meramente racional: necessita de expressão de sentimento, eis o porquê de adorar e louvar.


domingo, 8 de junho de 2025

Leitura sobre a condenação de Jesus e o sepultamento

Diante Pilatos (Mateus, Marcos, Lucas, João)

Da casa de Caifás conduziram Jesus ao pretório (residência oficial do governador romano). Era de manhã cedo, mas os judeus não entraram no pretório para não se contaminarem (pois era um edifício pagão) e poderem comer na pascoa.

Saiu por isso Pilatos para ter com eles, e perguntou: Que acusação trazeis contra este homem?  

Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti.  

Disse então, Pilatos: Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo vossa lei.

Então os judeus disseram: Não nos é permitido matar. Assim se cumpria a palavra com a qual Jesus indicou de que gênero de morte havia de morrer (Mateus 20, 19).  

Pilatos tornou ao pretório na audiência, e, chamando a Jesus, disse-lhe: Tu és o Rei dos Judeus?

Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram-te outros de mim?

Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?

Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.

Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei?  

Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.

Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?  

E, dizendo isto, foi ter com os judeus: Não acho nele crime algum;  

Mas eles insistiam fortemente: Ele revoluciona o povo ensinando toda a Judéia, a começar pela Galiléia até aqui. (acusaram-no de várias coisas)

Pilatos perguntou a Jesus: Nada respondes? Vê de quantos delitos te acusam! Mas ele nada respondeu de modo que Pilatos ficou admirado. A estas palavras (dos judeus), Pilatos perguntou se ele era galileu. E quando soube que ele era da jurisdição de Herodes (Antipas, filho de Herodes, o Magno), enviou-o ao mesmo, pois justamente naqueles dias se achava em Jerusalém.

Herodes alegrou-se muito por ver Jesus, pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar dele muitas coisas, e esperava presenciar algum milagre operado por ele. Dirigiu-lhe muitas perguntas, mas Jesus nada respondeu. Ali estavam os príncipes dos sacerdotes e os escribas acusando-o com violência. Herodes com sua guarda, tratou-o com desprezo, escarneceu dele, mandou revestí-lo com uma túnica branca, e reenviou-o a Pilatos. Naquele dia, Pilatos e Herodes fizeram as pazes, pois eram antes inimigos um do outro. Pilatos então convocou os príncipes dos sacerdotes, os magistrados e o povo e disse-lhes:  

Apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas interrogando-o eu diante vós, não o achei culpado de nenhum dos crimes de que o acusais; nem tampouco Herodes, pois ele me devolveu (Jesus). Mas vós tendes por costume que eu vos solte alguém pela páscoa. Quereis, pois, que vos solte o Rei dos Judeus? (Pilatos sabia que tinham entregue Jesus por inveja: Enquanto estava sentado no tribunal, a sua mulher lhe mandou dizer: Nada faças a este justo. Fui hoje atormentada por um sonho que lhe diz respeito.)

Mas os pontífices instigaram o povo para que pedissem que lhes soltasse Barrabás. Então todos clamaram novamente, dizendo: Este não, mas solta-nos Barrabás. E Barrabás era um salteador.


Cena de opróbrios (Mateus, Marcos, João)

Pilatos, pois, tomou então a Jesus, e o açoitou.

Os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lhe puseram sobre a cabeça, lhe vestiram roupa de púrpura (um manto escarlate) e diziam : Salve, Rei dos Judeus. E davam-lhe bofetadas.

Então Pilatos saiu outra vez fora, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum. Saiu, pois, Jesus fora, levando a coroa de espinhos e roupa de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.

Vendo-o, pois, os principais dos sacerdotes e os servos, clamaram, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque eu nenhum crime acho nele.

Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque se fez Filho de Deus.

E Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou.

Entrou outra vez na audiência, e disse a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.

Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar?

Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem.

Desde então Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamavam, dizendo: Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz rei é contra César.

Ouvindo, pois, Pilatos este dito, levou Jesus para fora, e assentou-se no tribunal, no lugar chamado Litóstrotos, e em hebraico Gabatá.

E era a preparação da páscoa, e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei; que mal fez ele?

Mas eles bradaram ainda mais forte: Tira, tira, crucifica-o.  

Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso Rei?  

Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão César.

Pilatos viu que nada adiantava, mas que ao contrário, o tumulto crescia. Fez com que lhe trouxesse água, e lavou as mãos diante do povo, e disse: Sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco! E todo o povo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos! Então, consequentemente libertou Barrabás e entregou Jesus, para que fosse crucificado. E tomaram a Jesus, e o levaram.


O punitivismo é uma variedade de comportamentos e ideias que incitam a punição e/ou inventam um culpado pelos problemas da sociedade. Este trecho mostra como o punitivismo e o discurso de ódio são fáceis de serem propagados. Pilatos afirma não ter encontrado culpa alguma em Jesus, mas a multidão ali presente, convencida de que ele era um perturbador da paz e com desejo de ver a execução de um suposto culpado, clamava pela sentença de morte.

Quando Pilatos diz que tem poder para crucificar e para soltar Jesus, ele responde ao líder romano que quem o entregou é o maior culpado, pois teve a intenção de acabar com Jesus, colocando esta idéia mesquinha e cruel em prática.

Interessante notar que Jesus diz: …”mas agora o meu reino não é daqui.” Isto quer dizer que naquele momento durante o século I, Jesus sabia que a humanidade era predominantemente bruta e seu reino ainda estava distante para os seres humanos, pois com seus ensinamentos sobre a lei divina do amor, ele estava apenas lançando as “sementes ao solo” para colher tempos depois. Assim, entende-se que o amor/ o bem se desenvolvem progressivamente entre as civilizações - O progresso individual do ser humano que desperta praticando os ensinamentos de Cristo (o bem, o perdão, a humildade etc) é recíproco com o progresso do mundo, da civilização e suas respectivas sociedades.

Por fim, quando Pilatos pergunta aos sacerdotes judeus corruptos se iriam sacrificar seu próprio rei, eles respondem que seu único rei é césar (título do líder do Império Romano). Isto mostra que para colocar seu plano de matar Jesus em prática, as seitas judaicas corruptas nem tinham mais vergonha de mentir publicamente, afinal eles detestavam pagar impostos ao césar e mesmo assim alegaram submissão ao Império Romano… Tudo para matar Jesus e suprimir seus ensinamentos de amor.  


(Caminho da) Crucifixão / Calvário (Mateus, Marcos, Lucas, João)

E quando o iam levando, tomaram um certo Simão, cireneu, (pai de Alexandre e Rufo) que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus.  

E seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais batiam nos peitos, e o lamentavam.

Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos. Porque eis que hão de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!  

Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós, e aos outeiros: Cobri-nos.  

Porque, se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao seco?  

E também conduziram outros dois, que eram malfeitores (salteadores), para com ele serem mortos.

E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira (ou calvário), que em hebraico se chama Gólgota, Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.  

E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.   

O povo estava olhando E também os príncipes zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou, salve-se a si mesmo, se este é o Cristo, o escolhido de Deus.  

E também os soldados o escarneciam, chegando-se a ele, e apresentando-lhe vinho misturado com fel (e/ou com mirra) mas ele, provando-o, não quis beber.  

E diziam: Se tu és o Rei dos Judeus, salva-te a ti mesmo.  

E Pilatos escreveu também um título, e pô-lo em cima da cruz; e nele estava escrito: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.  

Muitos dos judeus leram este título; porque o lugar onde Jesus estava crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, grego e latim.  

Diziam, pois, os principais sacerdotes dos judeus a Pilatos: Não escrevas, O Rei dos Judeus, mas que ele disse: Sou o Rei dos Judeus.  

Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.  

Era a hora terceira, e o crucificaram; E com ele os dois salteadores, um à sua direita, e o outro à esquerda, cumprindo-se a escritura que diz: “E com os malfeitores foi contado” (Isaías 53 - 12).

E os que passavam blasfemavam dele, meneando as suas cabeças, e dizendo: Ah! tu que derrubas o templo, e em três dias o edificas, Salva-te a ti mesmo, e desce da cruz.  

Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura.  

Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será. Para que se cumprisse a Escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, E sobre a minha vestidura lançaram sortes. Os soldados, pois, fizeram estas coisas.  

E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena.  

Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.  

Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.  

E um dos malfeitores que estavam pendurados blasfemava dele, dizendo: Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós.  

Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez.

E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.  

Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.  

Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol;

E rasgou-se ao meio o véu do templo.  

E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?  

E alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Eis que chama por Elias.  

Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.  

Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. Encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissopo, lhe chegaram à boca.  

E, clamando Jesus com grande voz (brado), disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. Havendo dito isto e, inclinando a cabeça, expirou (entregou o espírito).

E o centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.  

Toda a multidão que se ajuntara a este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltava batendo nos peitos.

E todos os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas.  

Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.  

Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado;  

Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.  

Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.  

E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais.  

Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.  

E outra vez diz a Escritura: Verão aquele que traspassaram.  


Todos os apóstolos mostram o sofrimento de Jesus, que manteve-se no caminho do bem, ou seja, na lei divina de amor, até seus últimos momentos, apesar dos ataques, injúrias e dificuldades. A cena do caminho do calvário é onde Jesus é atacado por todos seus opositores. Estes estavam todos tomados pelo mal: não só riam de um inocente condenado, como também o injuriavam de variadas maneiras, também mostrando claro desprezo pelos seus ensinamentos de amor - Aqueles que negam a lei divina de amor, sentenciam a si mesmos negando Deus, criador do universo, o Todo. Por isso Jesus disse "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" diante seus punidores e escarnecedores: eles eram infelizes que condenavam as suas próprias almas (é o que as igrejas chamam de inferno e o que as espiritualidades reencarnacionistas certamente entendem como a vergonha que atravessaria para além da vida material rumo a vida espiritual).

A passagem citada pelo apóstolo Marcos (Isaías 53 -12): “Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.” Não fala só que Jesus seria crucificado ao lado de transgressores, mas também indica que a pregação de Jesus repartirá as recompensas dos poderosos (a igreja que surgiria como instituição poderosa séculos após a morte de Jesus, mas com vários casos de corrupção ao longo dos milênios) e também mostra que Jesus, como filho de Deus, pagou pelo pecado de muitos, além de perdoar e tentar salvar os pecadores. Ele perdoou o ladrão que pediu para ser lembrado, dizendo que este iria para o paraíso ao seu lado no mesmo dia.  

João, assim como Lucas, foram os apóstolos que mais revelaram estes ensinamentos revolucionários da lei divina de amor que incluía as mulheres na espiritualidade e às aproximavam dos homens na sociedade. Nesta passagem João revela a importância de Maria, mãe de Jesus. 

Ora, Jesus Cristo, sendo filho de Deus, desejou que todos se tornassem um através da lei de amor ensinada por Ele e retornou ao seu Pai, de modo transcendental, após sua morte. Como Maria poderia ser uma figura insignificante no cristianismo? Não pode: Maria como escolhida por Deus, deveria ser uma pessoa muito humilde e benevolente, de modo que tais virtudes deveriam se aproximar das virtudes de Jesus em algum nível e de modo mais puro do que os demais seres humanos. Esta revelação feita por João, deve ter incomodado muitos indivíduos naquele período (século 1) tão dominado por uma sociedade patriarcal e obviamente machista.   


Sepultura (Mateus, Marcos, Lucas, João)   

Depois disto, quando já era tarde - era a preparação, isto é, a véspera do sábado. José de Arimatéia (que era discípulo de Jesus, mas oculto, por medo dos judeus), um ilustre homem membro do conselho, reto e justo, rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. E Pilatos lhe permitiu. Então foi e tirou o corpo de Jesus da cruz.  

E foi também com José, as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galiléia (Maria e Magdalena), e Nicodemos (aquele que anteriormente se dirigira de noite a Jesus), levando quase cem arráteis de um composto de mirra e aloés.  

Tomaram, pois, o corpo de Jesus e elas o envolveram em lençóis (linho) com aromas e bálsamos, as especiarias, como os judeus costumam fazer, na preparação para o sepulcro.  

E havia um horto naquele lugar onde fora crucificado, e no horto um sepulcro novo, em que ainda ninguém havia sido posto.  

Ali, pois (por causa da preparação dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro), puseram a Jesus. No dia do sábado, observaram o preceito do repouso.  

E no dia seguinte, que é o dia depois da Preparação, reuniram-se os príncipes dos sacerdotes e os fariseus em casa de Pilatos, 

Dizendo: Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: Depois de três dias ressuscitarei.  

Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não se dê o caso que os seus discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: Ressuscitou dentre os mortos; e assim o último erro será pior do que o primeiro.  

Respondeu-lhes Pilatos: Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes.

E, indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra.  


As mulheres (Maria e Madalena, de acordo com Marcos e Mateus), mais do que os apóstolos homens, seguiram Jesus até o fim, possivelmente se afastando só quando os sacerdotes judeus colocaram guardas próximos ao corpo de Jesus. Nicodemos, certamente convertido por Jesus, aparece na narrativa do apóstolo João.  

Leitura sobre Últimos encontros com Jesus

Ressurreição e aparição a Maria Madalena ( Mateus , Marcos , Lucas , João ) Eis que no primeiro dia da semana, houve um violento tremor de t...