sexta-feira, 21 de outubro de 2022

O que é superior?

 

Os termos super, ultra e hiper se referem a coisas que supassam, transcendem, vão além. Que coisas? Vão além de que? Qualquer coisa que vá além do que podemos imaginar, entender ou sentir é um exemplo. 
 Aqui vou recontar de um modo diferente as experiências de êxtase que tive. Sem ordem cronológica do ponto de vista deste terráqueozinho, mesmo porque ordem cronológica está submetido à curvatura-espaço tempo e o que eu vi e senti possivelmente está além das 3 dimensões que vivemos. Mas, antes vou citar o trecho do evangelho de João, onde Jesus ensina a um judeu proeminente sobre como ocorre a condenação da alma (quando a hora chegar, certamente com a morte do corpo) 
 "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. (...) E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas." 
 Alma ou espírito estão muito mais para sentimento, pensamento e lembranças - não há cérebro nem orgãos sensoriais como olhos ou ouvidos, nem boca para falar ou calar porque não há corpo. 
 Os espíritos mais próximos de Deus são puros, certamente o que as religiões cristãs chamam de anjos. Eles estão relacionados de alguma forma com a luz, por isso não se trata só de uma maneira de Jesus falar. Os relatos das pessoas que viram "bons espíritos, anjos ou uma das moradas de Cristo" geralmente envolvem uma descrição sobre um lugar luminoso, uma luz etc (os meus relatos inclusos). 
 Aqui seguem as definições mais aceitas sobre a luz hoje em nossa limitada visão de habitantes deste pífio planeta na vastidão infinita do espaço é: A luz é um tipo de onda eletromagnética visível, formada pela propagação em conjunto de um campo elétrico e um magnético. A velocidade da luz é absoluta e tem sempre o mesmo valor, não importa se a medimos em um laboratório fixo na Terra ou em uma nave espacial viajando a grandes velocidades. 
 Convenhamos, se houve um ser humano que entendeu mais de física do que a maioria, foi Albert Einstein. Sua teoria da relatividade foi entendida por uma maioria ou por um grupo de pensadores mais influentes, como se fosse uma teoria apenas do campo (disciplina) da física. Porém, ao propor esta teoria que indica que a curvatura espaço-tempo é relativa e a velocidade da luz é absoluta, Einstein praticamente deu um modelo ontológico à humanidade, ou seja, uma área da filosofia que estuda a existência e foi debatida por décadas como base teórica (filosófica) para as ciências. Trata-se então, em prática, de um novo modelo científico que pode e deve substituir o velho modelo iluminista e antropocêntrico de pensadores dos século 17 e 18, como Isaac Newton etc. Não à toa, uma década após Albert Einstein na 2ª década do século 20, o biólogo húngaro, Ludwig von Bertalanffy, chegou à uma conclusão parecida com a de Einstein, ao perceber que campos de estudos biológicos como a medicina, estavam cada vez mais segmentados (separados), dificultando o entendimento do corpo humano por exemplo. 
 Oras, então toda a ciência anterior a esses dois caras foi imprestável? O que isso tem a ver com a luz, com o êxtase espiritual ou com Deus? 
 Primeiramente, a ciência anterior à Einstein e Bertalanffy não foi imprestável. Ela descobriu muitas coisas dentro das limitações de sua base teórica e de seus métodos de investigação. Em segundo lugar, tem tudo a ver com a luz, ao menos para quem crê que só existe luz dentro das 3 dimensões onde existimos... Inserida na curvatura espaço-tempo, se é que é válido expressar assim. Porém existem dúvidas sobre grandezas como o espaço-tempo, a luz e principalmente, sua velocidade, assim como existem dúvidas sobre um monte de outros assuntos da física, a "nível macro cósmico e microscópico" (não gosto destes últimos termos, mas entendo pouco de física, e esta disciplina não é o foco aqui). O "X" da questão é: A mente existe e não conseguiram evidências que ela seja apenas efeitos eletroquímicos nem nada detectável por nossos 5 sentidos humanos. 
 Então a mente, ou é algo insubstancial, inexplicável como algo completamente além de nossa compreensão, ou é algo muito sutil, que transcende o corpo de alguma forma. É com ela que alcançamos "a luz que existe além do espaço-tempo". Porém a mente não é só a parte racional, vinculada somente ao cérebro - somos sentimentos, vinculados ao coração, como é possível notar em alguns efeitos psicossomáticos. E sentimentos são algo de grande importância nestas experiências transcendentais. 
 Oras, o Criador fez todo universo num movimento de retração ou de expansão? De ódio ou de esperança? Obviamente, de expansão, de esperança. 
 Quando eu tive minha segunda experiência de êxtase o que eu fiz foi implorar por esperança. 
 Quando eu tive a primeira eu simplesmente sabia que o bem era mais importante do que TODOS os outros assuntos dos seres humanos na Terra e além. Não, eu não sabia se existia alma, ou espírito, nem era religioso, pois em prática eu era ateu, diferente de quando eu tive a segunda experiência, quando eu já sabia da existência da alma, dos espíritos e de Deus. Ambas experiências estavam notoriamente além da minha capacidade de imaginação e eram muito mais reais e nítidas do que as alucinações que eu tive em estados febris (patológicos, como gripes fortes etc) de minha infância. Isto eu explico a seguir: 
 Na primeira experiência eu vi seres de luz, que se comunicavam aproximando-se uns dos outros. Ao ver, eu simplesmente soube que eles se comunicavam e isto é difícil de explicar do ponto de vista pifiamente terráqueo. Eles existiam MAIS do que nós, isto é uma maneira mais precisa de explicar. Por isso a certeza* (*palavra insuficiente) para (tentar) explicar o que eu vi/ percebi. Pareciam grandes quantidades de informação passadas com a mera aproximação e não havia nada a esconder e era tudo muito pacífico na primeira experiência. 
 Na segunda experiência eu vi inúmeras vidas inteiras, como se cada vida fosse um átomo ou partícula daquela luz. E "a luz" amava profundamente, eu, e tudo além. Eu reconheci como algo que senti da minha mãe em algum momento de minha existência e esta foi uma das razões que reconheci que era amor muito puro. E era mais real do que esta minha vida terráquea, esta é a segunda razão pela qual entendi que o amor transcende esta existência. O detalhe é que ao fim da experiência, além de me sentir restaurado das várias noites as quais eu tinha dormido menos de 3 horas cada, eu senti algo "ruim": Mas esse algo ruim era meu - eram minhas impurezas (vaidades, egoísmos etc) que me fizeram encolher-me mentalmente de vergonha diante "a luz" tão pura (imagino Deus... em minha pequenez não saberia dizer mais sobre) por uma fração minúscula de tempo/ segundo. 
 A mente existe e se não for a alma, é ao menos, parte desta. A partir daí, é interessante esforçarmos para abandonarmos o conceito simplório de existir e não existir (só existe ou não existe), mesmo porque discutir o não existir é bem... digno de inexistir. Deveria inexistir tal discussão. Interessante é falar e almejar o que existe e o que existe mais, porque coisas devem existir mais e menos umas em relação às outras. E embora pareça que existam mais coisas ruins do que boas, isto é só nossa percepção num planetinha possivelmente insiginificante no infinito. Seja o infinito 3D, 4D, 5D ou mais"D"... Então, pelo que percebi em minhas experiências, das quais chamo de êxtase, o que existe mais é o que faz bem a TODOS. É humildade (que é básico), receptividade (que rege relações), atenção (que rege veracidade e busca pela verdade), paciência (que rege superação), devoção (que rege amizade/ honra), força de vontade (que rege impulsos e julgamento individual) e piedade (que rege solidariedade)... É também a busca pela verdade com estudo e bom-senso... é tudo isto que nos leva a luz que Jesus diz à Nicodemos citada no texto do apóstolo João. É o que leva ao divino, ao Criador, ao Todo. 
 Imagine Deus (ou que seja alguém "mais próximo de nós", e assim, mais fácil: Os anjos ou arcanjos/ os espíritos muito elevados). Não se trata de um cara meramente bacaninha. Não se trata de um gênio intelectual, nem de alguém que ama demais algumas poucas pessoas, muito menos de alguém severo ou punidor (isto deveria ser óbvio). 
 Deus (ou o mais puro dos anjos) trata-se da mente com o maior conhecimento unido a um amor que transcende tudo o que existe as 3 dimensões (ambos atributos transcendem). Ultrapassam praticamente tudo que existiu na Terra e certamente também em outros planetas que tenham vida. Que estuda, entende e com humildade, busca entender mais. Quem é receptivo, ama e com humildade, espera. Espera quem? Espera a todos, mas não de forma inativa e sim criando com amor, porque sua esperança é o que rege ciclos de criação e destruição cósmica. 
 O superior então criou tudo, certamente por esperança infinita. Superior então é o que serve ao menor, ao inferior, com receptividade serve às formas de vida, incluindo nós seres-humanos que tanto erramos ao desprezar diversos aspectos da obra do Criador. 
 A essência do superior é o amor, por isso Cristo propagou a lei de amor: Amar a Deus/ o Todo e amar o próximo como a si mesmo. Este amor que parece tão difícil de por em prática certamente contém dois elementos que eu já citei neste e em outros textos meus: A humildade interna (que por enquanto chamo de receptividade) e a esperança. Por isso todo discurso, argumento e ideologia contra a humildade e contra a esperança são nocivos ou imprestáveis. Por mais difícil que as coisas sejam, há esperança, pois nada sabemos sobre as vastas possibilidades de futuro em nosso universo 3D inserido na curvatura espaço-tempo e sabemos menos ainda das possibilidades que estão além desta tal curvatura que molda nossa realidade.

sábado, 15 de outubro de 2022

Tomé, Filipe e o cristianismo - Convergindo textos religiosos com base no Bem

 

Eu acho interessante a proposta de buscar as semelhanças entre as espiritualidades e o que há em comum entre as religiões. Não para afirmar qual é mais correta, mas sim para buscar o que é bom para todos. Obviamente isto pode parecer utópico, subjetivo demais, delirante e/ou impossível, mas para evitar tentativas de controle sobre comunidade e movimentos de cisão e divisão entre as pessoas, basta considerarmos a importância de algumas coisas básicas: Humildade (ou presunção da ignorância), amor e esperança. Resumidamente empenhar-se em viver tais preceitos deve nos servir de guia para buscar a união benéfica das variadas espiritualidades. 
Neste texto traço as possíveis relações que aproximam os evangelhos de Filipe dos demais ensinamentos cristãos - principalmente dos 4 evangelhos das igrejas cristãs (João, Lucas, Marcos e Mateus) e da filosofia cristã espírita. Eu pensei em analisar e descrever algum conteúdo do evangelho de Tomé também, mas o texto ficaria muito extenso. 
Há poucos meses li os evangelhos de Tomé e de Filipe, chamados de apócrifos por aí a fora. Ao buscar informações sobre tais evangelhos se encontram variadas opiniões sobre suas origens, validade etc etc. As opiniões podem se basear tanto em fatores físicos que tentam traçar a data em que tais textos foram escritos e quem os escreveu, como em fatores de interpretação do conteúdo. Eu considero este último fator (conteúdo) mais importante, mas obviamente não concordo com muitas das interpretações sobre tais textos. Resumidamente chamarei de duas linhas de pensamento, estas opiniões das quais eu tenho algumas críticas: A primeira eu chamaria de materialista (ou talvez de sensacionalista): É a redução de Jesus de Nazaré a uma pessoa comum, que tinha algumas atitudes mais próximas das pessoas comuns, não no sentido de sensibilizar-se como Marcos mostra em seus textos. A segunda é a linha esotérica (talvez ocultista), onde místicos (sejam teólogos, sacerdotes etc) realmente se aprofundam no misticismo priorizando tal tipo de leitura e interpretação dos textos. 
Discutirei basicamente a visão materialista do evangelho de Filipe (vale citar que leitores mais céticos acham que estes textos foram escritos por cristãos um ou dois séculos após a morte do apóstolo Filipe): 
Os defensores desta interpretação alegam que Jesus não foi crucificado nem morto de qualquer maneira por seus opositores (nem por fariseus nem por Poncio Pilatus nem por escribas etc). Também dizem que se ele beijava Maria Magdalena na boca como o texto indica, era porque a amava como mulher (no sentido vulgar / popular). É desta linha de pensamento que surgem os argumentos que ele teria formado família (filhos com Magdalena) e fugido para a "França", porém isto não está escrito no evangelho de Filipe (talvez esteja em outro que eu não li, como o evangelho atribuído a Magdalena). Vale lembrar que a França só viria a se formar após o Reino dos Francos, séculos depois do período em que viveu Jesus de Nazaré e seus apóstolos, então o correto seria afirmar que ele fugiu para a Gália, certamente tomada pelo Império Romano durante o século 1. 
Contra esta interpretação devo perguntar quando o texto de Felipe (ou de seja lá quem for que escreveu este evangelho) menciona que não se morre para ressuscitar, ele está automaticamente negando que Jesus foi morto por seus opositores? 
E se os textos deste evangelho não mencionassem fato algum sobre a morte de Jesus, isto significaria que Jesus escapou de seus perseguidores? Não, na verdade o texto apenas poderia deixar tal questão em aberto. 
A questão sobre este mesmo tema é: 
O termo ressurreição surge neste texto possivelmente em dois sentidos, como nos evangelhos dos 4 apóstolos aceitos nas religiões cristãs: Ele surge expressando o trazer de volta a vida (como na ressurreição de Lázaro, do filho da viúva de Naim e na do próprio Jesus) e expressando o "vir ao mundo dos vivos" / "erguer-se entre os vivos, ou seja, na vida (material)". Esta última expressão está mais de acordo com as explicações e interpretações espíritas do que com a ideia de que Jesus teria escapado dos fariseus e de outros opositores (coisa que o evangelho de Filipe não afirma em momento algum). O evangelho de Filipe então está dizendo que Jesus encarnou na Terra para realizar o que realizou (as curas, as pregações que indicam o caminho da salvação etc) - está afirmando que ele não era um mero boato, nem um farsante, nem algum tipo de truque ou um espírito desencarnado. 
Encerrando este tema sobre se Jesus de Nazaré morreu ou não por causa de seus perseguidores (fariseus etc), este parágrafo de Filipe está de acordo com os demais apóstolos: "Cristo veio para resgatar alguns, para salvar outros, para redimir outros. Ele resgatou aqueles que eram estranhos e os fez seus. E ele separou os seus, aqueles a quem deu como penhor de acordo com o seu plano. Não foi apenas quando ele apareceu que ele voluntariamente deu sua vida, mas ele voluntariamente deu sua vida desde o dia em que o mundo veio a existir."
Ou seja, a morte de Jesus na Terra é a segunda vez que ele se entrega (ou se "sacrifica") pelo bem.

 O trecho sobre Maria Magdalena, cujo parece faltar algumas palavras nos dois primeiros parágrafos, mostra os demais discípulos (o texto não cita se são todos ou alguns) indignados pelo fato de Jesus mostrar mais amor por Maria Magdalena do que por eles. Eis o terceiro parágrafo: Eles lhe disseram: "Por que você a ama mais do que todos nós?" O Salvador respondeu e disse-lhes: "Por que eu não os amo como ela? Quando um cego e um que vê estão juntos na escuridão, eles não são diferentes um do outro. Quando a luz vem, então aquele que vê, verá a luz, e o cego ficará nas trevas”
É claro, que cada pessoa pode interpretar a resposta de Jesus de um jeito particular, mas para que não vire uma discussão de meras opiniões, dando abertura para argumentos ateístas, charlatães ou até mesmo contrários aos ensinamentos do cristianismo, é importante trazer todos os diálogos de Jesus para o centro de seus ensinamentos. E o centro dos ensinamentos de Cristo é o amor a Deus e ao próximo (a todos seres humanos, pois todos são obras do Criador). Assim, é mais fácil entender que Jesus se aproximava de Maria Magdalena para salvá-la. Pois assim quando "viesse a luz", ao amar seu parceiro Jesus, Maria Magdalena já não estaria mais "cega" (não estaria mais na escuridão, termos para designar pecado, erro). Esta interpretação complementaria a passagem de João Evangelista, o único apóstolo a mencionar que quando Jesus, após sua morte, apareceu diante Magdalena, a chamou pelo nome. Este é o momento em que a "luz vem" para Maria Magdalena e os demais apóstolos têm dificuldade para crer que ela tenha visto Jesus Cristo. 
Se o evangelho de Filipe complementa o de João desta forma, então ele não pode nem mesmo insinuar que Jesus (fisicamente/ materialmente) não tenha morrido. 
Alguns podem entender a morte de Jesus crucificado como uma invenção por "X" motivos. Aqui eu mostro que o evangelho de Filipe nada diz a respeito sobre o destino final do corpo de Jesus ou de como foi sua morte, ou passagem para outra existência. 
Muitos dos textos deste evangelho tentam descrever como Jesus surgiu na Terra, porém com uma aparente limitação de linguagem, certamente como Kardec menciona em seus escritos durante o século 19: Os judeus e povos relacionados a estes na época em que Jesus viveu na Terra (século 1) não tinham uma palavra para designar a encarnação nem a reencarnação. Assim, Filipe como alguns outros profetas judeus e apóstolos de Cristo, usavam o termo "ressurreição" tanto para falar da reencarnação como para falar de ressuscitar um morto (como mencionei anteriormente sobre Lázaro e a viúva de Naim). 
Neste ponto, muitos espíritas poderiam discordar, apelando ao argumento que nenhum tipo de ressurreição existe. Eu porém, discordo deste extremismo, pois não achei tal afirmação nos textos espíritas de Kardec. Kardec fala sim que a palavra ressurreição é usada para falar da reencarnação e dá os exemplos em quais textos da bíblia eles são utilizados: Em "Jó" (escrito Job em algumas versões) e nas passagens que falam de João Batista, como sendo a reencarnação do profeta Elias. Além disto, espíritas poderiam afirmar que trazer o corpo de volta a vida não é uma ressurreição porque o períspirito permite que um médium possa realizar reanimação do corpo se este morreu dentro de um prazo aproximado de até 3 dias... Não me lembro qual espírita afirmou isto, mas não importa, aqui o assunto vira um tecnicismo que se afasta muito do essencial do cristianismo, que é a lei de amor. É muito fútil e até nocivo discutir se este possível fenômeno deve ser chamado de reanimação ou ressurreição. São estes tipos de discussão que geram cisão, clubismo e fomentam rivalidades (entre outros possíveis sentimentos ruins) baseadas em orgulhos patéticos. 
Por falar em como Jesus surgiu na Terra, o evangelho de Filipe toca em mais uma polêmica: Ele diz que Jesus não nasceu de Maria, ao menos não do jeito convencional. Ele foi concebido pelo Espírito Santo, e de acordo com os textos deste evangelho, o Espírito Santo está mais para uma entidade feminina do que para masculina. Segue o parágrafo onde entende-se tais fatos: "Alguns diziam: “Maria concebeu pelo Espírito Santo”. Eles estão em erro. Eles não sabem o que estão dizendo. Quando uma mulher concebeu de uma mulher? Maria é a virgem que nenhum poder contaminou.
Embora possa parecer fútil tal discussão, creio ser possível tirar pontos proveitosos deste texto de Filipe (ou de outro que tenha escrito isto). Proveitoso para união de diferentes religiões/ espiritualidades e convergência de diferentes textos religiosos: Ao afirmar que Maria não podia conceber do Espírito Santo, com a pergunta "Quando uma mulher concebeu de uma mulher?", Filipe aproxima-se dos textos de Mani, cujo fundou a religião judaico-cristã no século 3, conhecida como maniqueísmo. Apesar de não me aprofundar no maniqueísmo (nem sei se é possível), entendo que nesta religião o seu "profeta fundador" cita o Deus Criador, a Mãe da Vida (Espírito Vivo) e o Homem Original, de modo semelhante a uma santíssima trindade. Este argumento também se aproxima com um conceito muito bonito da obra "Cidade Mística de Deus" que diz que Deus planejou a mulher (ou o feminino) desde o início dos tempos, antes do surgimento da vida material no universo. É uma obra que mostra muitos defeitos da época (machista) em que foi escrita, e certamente da influência dos indivíduos poderosos da igreja católica e da nobreza espanhola, mas que tem alguns pontos positivos como este mencionado acima. 
Além do mais, os textos de Filipe não tiram a pureza de Maria, pois afirma que ela não foi contaminada por poder algum. Assim, Maria pode ter sido escolhida por Deus para cuidar de Jesus desde sua tenra infância. Pode ter até mesmo carregado Jesus em seu ventre... Mas é apenas isto. 
O evangelho de Tomé colabora com esta visão no seguinte trecho: "Jesus disse: Quando você vir alguém que não nasceu de mulher, prostrai-vos sobre os vossos rostos e adorai-o. Aquele é seu pai.
Porém não vou me aprofundar mais sobre o evangelho de Tomé, nem sobre possíveis interpretações místicas neste texto. 
Poder entender uma concordância entre o evangelhos de Filipe e de Tomé com os demais evangelhos e com o espiritismo (e até mesmo com o maniqueísmo), já é um bom passo para união entre espiritualistas e religiosos cristãos, ou próximos / amigáveis ao cristianismo.

Leitura ecumênica de "as boas obras", "a oração" e "o amigo insistente"

Aqui continuo com os ensinamentos de Jesus, conforme os textos atribuídos a Mateus e a Lucas:  Fazer as boas obras discretamente (Mateus, Lu...