terça-feira, 26 de março de 2024

Leitura Ecumênica da Pesca Milagrosa/ Encontro com Os primeiros apóstolos

Nesta postagem continuo as passagens sobre Jesus e os encontros com os primeiros apóstolos. Ao invés de fazer a típica leitura religiosa dos textos de cada apóstolo separadamente, uni alguns destes textos numa tentativa de aproximá-los da possível ordem cronológica das passagens. Claro, isto é só uma organização especulativa dos textos, pois é impossível (e de pouca importância) fazer a narrativa "cronológica" dos fatos de uma época tão distante e submetida a "inúmeras" reinterpretações ao longo da história. Mais importante que isto é elucidar a ética ensinada por Jesus, ética esta que indica a importância do sentimento humano, especificamente a importância do amor piedoso, equitativo e justo.

 Legendas

João: Amarelo; Lucas: Vermelho; Marcos: Verde; Mateus: Azul.

E aconteceu que, apertando-o a multidão, para ouvir a palavra de Deus, estava ele (Jesus) junto ao lago de Genesaré (que é o mar da Galiléia); 

Era André, irmão de Simão Pedro, um dos dois que ouviram aquilo de João Batista, e haviam seguido Jesus. André achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a Jesus. E (Jesus) viu estar dois barcos junto à praia do lago; e os pescadores (Simão, e André, seu irmão), havendo descido deles, estavam lavando as redes. 

Entrando num dos barcos, que era o de Simão, Jesus pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, assentando-se, ensinava do barco a multidão. 

Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar. Respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede. 

E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede. Então fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os fossem ajudar. Foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique. 

Olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Kepha (Cefas, significa Pedra, em aramaico). E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador. Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que com ele estavam, por causa da pesca de peixe que haviam feito. 

E disse Jesus a Simão (e André): Não temas; vinde após mim, de agora em diante eu farei que sejais pescadores de homens. 

E, levando os barcos para terra, logo deixaram tudo, e o seguiram. 

Passando dali um pouco mais adiante, de igual modo, Jesus viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que eram companheiros de Simão. que estavam no barco consertando as redes, E logo os chamou. Eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os jornaleiros, seguiram Jesus. E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 

A sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava. E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão. 

Apesar dos textos de Mateus e de Marcos indicarem que Pedro e André eram pescadores, somente Lucas menciona o milagre da pesca realizado por Jesus. O apóstolo João cita que o primeiro milagre que Jesus realizou diante dos discípulos foi transformar água em vinho nas bodas de Caná, ou seja, as bodas devem ter ocorrido antes de Jesus encontrar Simão Pedro e realizar o milagre da pesca.

Importante notar que Simão, ouviu Jesus pregar seus ensinamentos e também foi informado por seu irmão André, que Jesus era o messias (o enviado de Deus) na Terra. Mesmo em dúvida se realmente encontraria peixes, ele aceita a recomendação de Jesus para lançar a rede ao mar. Isto mostra a importância de ser receptivo em relação ao próximo e de se dispor a acreditar e confiar.

Além disto, a abundância de peixes que Jesus atrai para as redes dos pescadores, mostra que ele, em acordo com a lei divina do amor, se importa com a vida. Jesus Cristo cuida dos pobres e dos humildes, trazendo alegria e não deseja a miséria para pessoa alguma. 

Jesus certamente usou de sua fé para realizar o “milagre”, ou seus “poderes de mestre espiritual” ou “dons mediúnicos”, conforme cada religião ou filosofia nomeia. A realização de tal ato serve para mostrar o poder da fé que Jesus usará e explicará mais vezes ao longo de suas caminhadas com os apóstolos. Espantado, Pedro se considera indigno de Jesus e seu poder, certamente porque entendeu que era um profeta, mestre espiritual ou ser divino (filho de Deus). Ainda assim, Pedro aceita segui-lo prontamente quando Jesus o convida para seguir-lhe, certamente mostrando-se humilde. 

Interessante notar que no texto de João, Jesus chama Simão Bar'Yonas de Kephas (Pedro, que significa pedra) desde da primeira vez que o encontrou. Pedro se mostra vacilante em várias passagens ao lado de Jesus, o que pode indicar que esta nomeação foi um tipo de profecia: Após titubear/ vacilar várias vezes ao lado de Jesus, Pedro finalmente se tornaria firme na fé após a crucificação e ressurreição de seu amado mestre e amigo. Ao Jesus falar “eu farei que sejais pescadores de homens”, certamente se referia a missão que daria aos seus apóstolos: Pregar o evangelho às pessoas e de ajudar os mais necessitados. O evangelho em si, significa trazer as boas novas, que nada mais é do que propagar a lei divina de amor. 

No dia seguinte quis Jesus ir à Galiléia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me. 

E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. 

Filipe achou Natanael (Bartolomeu), e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José. 

Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem, e vê. 

Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo (não há falsidade). 

 Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira. 

Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel. 

Jesus respondeu, e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? Coisas maiores do que estas verás. 

E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem. 

Jesus, logo que vê Natanael, Filho de Talmay (Bar'Talmay, ou Bartolomeu), o chama de verdadeiro israelita - aquele que não mente/ não comete crime, certamente indicando que o verdadeiro israelita, ou seja, o verdadeiro judeu, deveria seguir as leis de Deus, trazidas por Moisés em um período entre os anos de 1592 a.C. e 1471 a.C. ou entre 1391 aC e 1271 aC. Em seguida, Bartolomeu acreditou em Jesus porque este narrou-lhe a cena onde ele se encontrava momentos antes, mesmo um estando distante (fora de vista) do outro. Então Jesus conclui dizendo que Natanael verá coisas mais importantes, e certamente mais impressionantes, como o céu aberto com anjos subindo e descendo sobre ele - Possivelmente esta descrição refere-se a uma visão / um fenômeno relacionado à “Escada de Jacó”, em inglês, Jacob Ladder e em hebraico, Sulam Ya'akov.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leitura ecumênica de "tesouro no céu, olho são" e "vãs preocupações"

Embora os textos dos 4 apóstolos aceitos nas religiões cristãs sejam suficientemente claros no que se refere à prática dos ensinamentos de J...