domingo, 23 de fevereiro de 2025

Leitura Ecumênica sobre os injustos e a justiça de Deus

Aqui trago uma passagem de Lucas e duas atribuídas a Felipe, sendo estas duas últimas não aceitas nas igrejas católicas e protestantes (evangélicas);

Parábola do juiz iníquo (Lucas) 
 E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer, Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem. 
 Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
 E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens, Todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito.
 E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.
 E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
 Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
 Se até mesmo uma autoridade arrogante e injusta pode fazer justiça às vezes, porque Deus, que é o piedoso criador, não faria justiça? A viúva pediu tanto ao juiz, que este acabou cedendo, portanto o fiel que ora pedindo justiça, certamente alcançará a justiça. A dúvida que Jesus deixa no fim da parábola é: As pessoas manterão sua fé? Serão fiéis à lei divina que é justa?

 O Espírito Santo age até mesmo sobre os malignos (Filipe)
 "O Pai" e "o Filho" são nomes únicos; "o Espírito Santo" é um nome duplo. Pois eles estão em toda parte: estão em cima, estão em baixo; eles estão no oculto, eles estão no revelado. O Espírito Santo está no revelado: está abaixo. Está no oculto: está acima.
 Os santos são servidos por poderes malignos, pois (os poderes malignos) são cegados pelo Espírito Santo a pensar que estão servindo a um homem (comum) sempre que o fazem pelos santos. Por causa disso, um discípulo pediu um dia ao Senhor algo deste mundo. Ele lhe disse: "Peça à sua mãe, e ela lhe dará das coisas que são de outro".
 Esta explicação de Filipe está em acordo com o espiritismo e com religiões que lidam com espíritos frequentemente, como a umbanda por exemplo. Os espíritos benignos, são servos de Deus e são naturalmente mais expansivos, mais puros e portanto, superiores aos espíritos malignos, agindo sobre estes para que sirvam à lei divina. Isto também explica a parábola do juiz iníquo, que apesar de ser uma pessoa egoísta, foi usado para o bem.

 O Espírito Santo age em segredo desde o princípio (Filipe)
 Antes de Cristo vir, não havia pão no mundo, assim como o Paraíso, o lugar onde estava Adão, tinha muitas árvores para alimentar os animais, mas nenhum trigo para sustentar o homem. O homem se alimentava como os animais, mas quando Cristo veio, o homem perfeito, trouxe pão do céu para que o homem pudesse se alimentar com o alimento do homem. Os governantes pensavam que era por seu próprio poder e vontade que estavam fazendo o que faziam, mas o Espírito Santo em segredo estava realizando tudo por meio deles como desejava. A verdade, que existia desde o princípio, é semeada em todos os lugares. E muitos o vêem sendo semeado, mas poucos são os que o vêem sendo ceifado.

 A linguagem de Filipe pode ser considerada mística neste trecho, pois ele se refere a Cristo (Jesus) não encarnado, existente desde antes da raça humana habitar a Terra. Da mesma forma ele se refere a Adão, para exemplificar que houve uma era distante no passado em que o ser humano não sabia plantar trigo nem fazer pão. 
 Deus transcende nossa realidade, pois Ele vai além do espaço-tempo. Ele tudo sabe pois é “o começo e o fim”, afinal ele é o Criador do universo. Sua ação é sutil, por isso poucos vêem os resultados de sua obra e a sua lei é de amor, por isso ele nos deu o livre arbítrio e ainda assim cuida de nós, permitindo-nos progredir ao longo das eras.

 

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Leitura sobre Perdão, Arrependimento e Humildade

Parábola da moeda perdida (Lucas) 
 "Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar?
 E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida.
 Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende."
 Perdão, tolerância e esperança são temas centrais nos ensinamento de Jesus e portanto no cristianismo em sua origem: Esta é mais uma passagem que mostra que Deus e o reino dos céus, com todos seus anjos, não punem e sim, pacientemente aguardam que todos se arrependam de seus pecados. Eles não forçam pessoa alguma, nem impõem, oprimem ou intimidam, pois Deus deu o livre arbítrio a todos seres humanos. 
Arrepender-se dos pecados é enxergar as próprias impurezas de pensamento, sentimento e atitudes e então deixá-las para trás. Não é um rigor cego e ignorante, pois requer refletir sobre si mesmo e mudar para seguir a lei divina de amor, ou seja, para ser humilde, solidário e esperançoso.

 Parábola do filho pródigo (Lucas) 
  E Jesus disse: Um certo homem tinha dois filhos;
 E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.
 Poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
 Havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. Então chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. Desejava encher o seu estômago com as bolotas (vagens) que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros (empregados) de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
 Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.
 E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.
 O seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
 Ele lhe respondeu: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou, e não queria entrar.
 E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
 E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;
 Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.
 Esta parábola mostra como o filho mais novo se arrependeu de seus erros e como seu pai nunca deixou de amá-lo. O pai, como qualquer pessoa que se devotou ao bem de alguém além de si mesmo e teve amizade com outra pessoa, esteve pronto para perdoar seu filho. Com admiração e alegria de reencontrar o filho mais novo, deu-lhe uma festa, também continuando a amar o seu filho mais velho, confiando neste que sempre esteve ao seu lado. Deus não rejeita seus filhos, não se afasta dos seres humanos - são estes que quando erram, ou seja, quando pecam, que se afastam do Criador. 
 Interessante também é notar que esta parábola indica que Deus sempre perdoa (este ato de sempre perdoar também é mostrado no diálogo entre Jesus e Nicodemos, citado por João). e que nas sociedades humanas, este amor que sempre perdoa é mais comum nas mulheres - particularmente nas mães em relação a seus filhos e filhas. Possivelmente a dificuldade de entender e aplicar tais ensinamentos se deve à predominância do patriarcado nas civilizações humanas e a sua propagação de machismo. Após a morte de Jesus, as guerras por motivos religiosos predominaram na Europa por cerca de 1600 anos! O machismo então demorou mais 350 anos (aproximadamente) para começar a ser questionado e derrubado. Apesar desta demora milenar, a importância do perdão e do acolhimento começa a ficar socialmente mais perceptível… Deus nos espera, assim como a mãe espera que seus filhos desaparecidos voltem para sua casa.

 Parábola do administrador infiel (Lucas) 
 E dizia também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo (administrador); e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens.
 E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia (administração), porque já não poderás ser mais meu mordomo.
 E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar (lavrar), não posso. De mendigar, tenho vergonha... Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.
 Chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
 E ele respondeu: Cem medidas de azeite. O mordomo disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinqüenta.
 Disse depois a outro: E tu, quanto deves? Ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta.
 E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz.
 E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
 Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.
 Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
 E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
 Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
 E os fariseus, que eram avarentos, ouviam todas estas coisas, e zombavam dele.
 E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.
 A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus, e todo o homem emprega força para entrar nele.
 E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.
 Qualquer que deixa sua mulher, e casa com outra, adultera; e aquele que casa com a repudiada pelo marido, adultera também.
 Quem é fiel nas coisas pequenas também o é nas coisas grandes e assim também é com o infiel, que trai nos assuntos supérfluos e nos assuntos importantes. 
 Esta parábola não está entre as mais simples, pois requer entender o contexto de sua época: O administrador típico do século 1 cobrava uma taxa a mais sobre os clientes - Algo que o personagem da parábola abdicou: Ele preferiu manter as amizades do que ganhar dinheiro/ lucro. 
 Não devemos nos apegar a coisas materiais, nem priorizá-las diante a possibilidade de fazer amizades sinceras, pois o mundo material é passageiro. Fazer o bem, é deixar de ser mesquinho, é ser solidário, é buscar equidade - Tudo isto é mais humano e, portanto, mais importante do que juntar dinheiro e buscar lucro. O lucro, ou seja, a obtenção de vantagens em relação ao próximo, gera e perpetua competitividade e rixas, enquanto a solidariedade gera amizades e perpetua a paz.

 Lição de Humildade (Lucas)
 E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega-te, e assenta-te à mesa?
 E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu?
 Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não.
 Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.
 Nessa passagem, Jesus não está incentivando a oprimir o servo nem os empregados ou qualquer pessoa em situação parecida com esta. Ele dá um exemplo da sociedade de sua época, onde a servidão era aceita na lei e pela maioria do povo. Assim, ele compara os fiéis aos servos, indicando que a humildade deve ser o caminho natural: Aqueles que servem a lei divina de amor, devem servir ao próximo e a Deus, praticando o bem. O servo que tem orgulho, vaidade, inveja ou rancor, por exemplo, não tem humildade, pois esta postura é um dos pré-requisitos do cristão.
 
O leproso agradecido (Lucas)
 Indo Jesus a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e da Galiléia;
 Entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe; E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós.
 Jesus, vendo-os, respondeu-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. 
 E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.
 Um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz;
 Caiu aos pés de Jesus, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano.
 E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove?
 Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?
 E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou. 
 A passagem mostra o quanto é necessário sermos gratos pelas coisas boas que nos acontecem e que nos dão. A gratidão neste caso é um indicativo de mudança de postura em vida: O homem que voltou e agradeceu a Jesus, glorificando a Deus, mostrou-se humilde e interessado na bondade de Jesus. Os demais leprosos, ao não agradecerem nem louvarem a Deus, mostraram-se indiferentes ao bem recebido e certamente não foram nem humildes nem verdadeiramente gratos. Também é notável que o agradecido não era judeu, nem da mesma "nacionalidade" ou "etnia" de Jesus: era um estrangeiro. Isto mostra que os ensinamentos de Jesus nada tem a ver com nacionalidade, seja israelita, judia, hebraica ou qualquer outra.

 

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Leitura sobre A Festa de Bodas e Sal na Terra/ Luz no Mundo

Parábola do Grande Banquete/ da Festa de Bodas (Tomé, Mateus, Lucas
 Porém, Jesus lhe disse: Um certo homem (rei) fez uma grande ceia (celebrava as bodas de seu filho), e convidou a muitos. 
 E à hora da ceia mandou o(s) seu(s) servo(s) dizer(em) aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado. E todos à uma começaram a escusar-se. 
 Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. O servo foi até outro e disse: Meu mestre o convidou.' E o segundo respondeu: Comprei cinco juntas de bois (uma casa), e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. 
 Então ele foi até outro e lhe disse: 'Meu mestre o convida.' E o (terceiro) convidado lhe disse: Casei, e portanto não posso ir. Por fim, o servo foi até outro e disse: 'Meu mestre o convidou.' E ele respondeu: 'Tenho reclamações contra alguns comerciantes. Eles estão vindo para mim esta noite. Devo ir e dar-lhes minhas ordens. Peço para ser dispensado do jantar. 
 Outros lançaram mão de seus servos, insultaram-os e mataram (alguns deles). 
 E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o (rei) pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas (encruzilhadas) e bairros da cidade, e traze aqui (todos quantos achardes) os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. 
 E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar. 
 E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha. 
 Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. 
 O rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestes nupciais? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Empresários e comerciantes não entrarão nos Lugares de Meu Pai.
 Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos. 

 Nesta parábola, Jesus compara o reino dos céus a um festim, onde tudo é alegria e ventura. Os que deram desculpas para não irem ao festim, representam as pessoas que, ao longo da história, priorizaram as rotinas da vida terrestre (negócios etc) e acabaram pouco se importando com a lei divina de amor. Os que atacaram e mataram servos do Rei (os profetas de Deus), são os líderes corruptos das sociedades, que abominam a bondade, a justiça, a verdade e a equidade. 
 Muitos dos hebreus/ judeus acreditavam que quando Deus prometeu que a posteridade de Abraão iria cobrir toda a Terra, ele estava prometendo um domínio político e terrestre. Antes da vinda de Cristo, com exceção dos judeus, praticamente todos os povos eram politeístas e idólatras, sendo poucos indivíduos que haviam concebido a unidade de Deus, o onipresente criador. Assim, esta ideia foi mantida por minorias de iniciados que ocultavam tais conhecimentos das massas, que em sua maioria, não aceitava ou não entendia o monoteísmo, nem a ideia de um criador onipresente. Mas a promessa de Deus a Abraão se referiu a uma posteridade espiritual, ou seja de fé e de atitudes que priorizam a lei divina, que por sua vez, prioriza a vida e toda a criação. 
 Portanto Jesus indica que Deus espera que todos os seres humanos pratiquem a solidariedade e o perdão, pois não basta dizer-se cristão, nem apenas ir às missas, aos cultos e templos. Aqueles que desprezam a lei divina de amor, serão abandonados e aqueles que a repelem, sofrem as consequências de suas obras egoístas e horríveis. Afinal mentir a Deus, o onipresente criador de todas as coisas, é um grande erro, portanto é ridículo tentar enganá-lo para conseguir qualquer recompensa após a vida na Terra, como adentrar o reino dos céus. 

 Sal na Terra e luz no mundo (Mateus, Marcos, Lucas) 
Vós sois o sal da terra; o sal é coisa boa; mas se perder o sabor (o sal for insípido), com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens; nem para adubo servirá. 
 Tendes sal em vós, e viveis em paz uns com os outros. 
 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. 
Que vos parece? Um homem possui 100 ovelhas e uma delas se desgarra. Não deixa ele as 99 na montanha para ir buscar aquela que desgarrou? Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um destes pequeninos. 

 Jesus mostra que quem o ouve, deve viver para o próximo. O sal existe para salgar algo, a luz, para iluminar algo e a cidade para ser habitada por alguém, sendo que nenhuma destas coisas existem para ficar escondidas. Viver para o próximo praticando os ensinamentos de Jesus, é propagar o bem, é praticar caridade e solidariedade glorificando a Deus e não a si mesmo. Ensinar às pessoas que a humildade, o amor e a solidariedade resolvem praticamente todos os problemas da humanidade, evitando ser rude e priorizando boas emoções ao invés da severidade.
 Considerando que o sal nunca perde seu sabor, é possível que Jesus também esteja dizendo que somos espiritualmente imortais, ou seja, nossa alma não só continua além da vida na Terra, como existe para resplandecer a luz, ou seja, propagar a lei divina do amor.

 

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Leitura Ecumênica da Misericórdia e Solidariedade de Jesus

Pedido dos filhos de Zebedeu/ Discussão entre discípulos (Mateus, Marcos, Lucas
 "Aproximaram-se dele (a mãe de) Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos. 
 E ele (Jesus) lhes disse: Que quereis que vos faça? 
 Eles lhe disseram: Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda. 
 Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? 
 E eles lhe responderam: Podemos. 
 Jesus, porém, disse-lhes: Em verdade, vós bebereis o cálice que eu beber, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado; Mas, o assentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence a mim concedê-lo, mas isso é para aqueles a quem está reservado. 
 E os dez, tendo ouvido isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. 
 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios (pagãos), deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre eles e se denominam benfeitores
 Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal; 
 Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? 
Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve.  E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou, Para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos assenteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel. 
 E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. 
 Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos." 
 O verdadeiro cristão não almeja poder sobre o povo, sejam fiéis, seja uma ou mais nações. Exercer poder sobre os outros é contra os ensinamentos de Cristo, pois o cristão vive para praticar a solidariedade, ou seja, para servir e não para ser servido. Obviamente isto não significa servir o mal, e sim, mantendo-se humilde, buscar fazer o bem. Afinal Deus criou o universo e tudo mais, não para si mesmo, mas para sua própria criação, para os seres vivos. 
 Sócrates indica que o verdadeiramente maior sempre serve o que lhe é submisso, o que lhe é inferior. O governo para ser bom teria que ser assim, pois esta é uma lei natural perceptível na natureza e em todas ocupações do ser humano: Astros como o Sol serve a vida, a natureza da Terra serve todos seus seres vivos, o médico que exerce sua profissão serve o paciente ao garantir-lhe saúde, o pedreiro que realiza suas obras serve seu cliente ao construir-lhe uma morada etc. Se a mente mais desenvolvida ou elevada busca o bem maior, ela naturalmente acaba buscando servir os mais humildes, os menos desenvolvidos etc. 

 O óbulo da viúva (Marcos, Lucas) 
 "Estando Jesus sentado defronte do gazofilácio (cofre de oferendas), a observar de que modo o povo lançava ali o dinheiro, viu que muitas pessoas ricas o deitavam em abundância. – Nisso, veio também uma pobre viúva que apenas deitou duas pequenas moedas do valor de dez centavos cada uma. – Chamando então seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu muito mais do que todos os que antes puseram suas dádivas no gazofilácio; – por isso que todos os outros deram do que lhes sobra, ao passo que ela deu do que lhe faz falta, deu mesmo tudo o que tinha para seu sustento." 
 Muita gente alega não poder fazer todo o bem que deseja, por falta de recursos suficientes, e, se desejam possuir riquezas, dizem que é para lhes dar boa aplicação. A intenção de alguns pode até ser sincera, mas será completamente desinteressada em todos? Não haverá quem, desejando fazer bem aos outros, muito estimaria poder começar por fazê-lo a si próprio, por proporcionar a si mesmo mais prazeres, por usufruir do supérfluo que lhe falta, dando aos pobres só o resto? Esta segunda intenção, que esses tais porventura dissimulam aos seus próprios olhos, mas que se lhes depararia no fundo dos seus corações, anula o mérito do intento, visto que, com a verdadeira caridade, o homem pensa nos outros antes de pensar em si. O ponto válido da caridade, nesse caso, estaria em procurar ele no seu trabalho, pelo emprego de suas forças, de sua inteligência, de seus talentos, os recursos de que carece para realizar seus generosos propósitos. 
 Haveria nisso o sacrifício que mais agrada ao Senhor. Infelizmente, a maioria vive a sonhar com os meios de se enriquecer mais facilmente, rapidamente e sem esforço, buscando a descoberta de tesouros, um favorável excedente aleatório, o recebimento de inesperadas heranças etc. Que dizer dos que esperam encontrar nos Espíritos auxiliares que os apoiem na conquista de tais objetivos? Certamente não conhecem, nem compreendem a sagrada finalidade do Espiritismo e, menos ainda, a missão dos Espíritos a quem Deus permite que se comuniquem com os homens. Daí vem o serem punidos pelas decepções, (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, nos 294 e 295.) 
 Aqueles cuja intenção está isenta de qualquer idéia pessoal, devem consolar-se da impossibilidade em que se vêem de fazer todo o bem que desejariam, lembrando-se de que o óbolo do pobre, do que dá privando-se do necessário, pesa mais na balança de Deus do que o ouro do rico que dá sem se privar de coisa alguma, Grande seria realmente a satisfação do primeiro, se pudesse socorrer, em larga escala, a indigência; mas, se essa satisfação lhe é negada, submeta-se e se limite a fazer o que possa. Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever-se-á ficar inativo, desde que se não tenha dinheiro? Não: Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, encontrará de realizar o seu desejo. Procure-as e elas aparecerão; se não for de um modo, será de outro, porque não há alguém em plena posse de suas faculdades, não possa prestar um serviço qualquer, dar um consolo, aliviar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Não dispõem todos, à falta de dinheiro, do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, para de tudo isso dar uma parte ao próximo? Também aí está a dádiva do pobre, o óbolo da viúva. 

 Ajuda aos necessitados. Dar sem esperar retribuição (Lucas) 
 "Aconteceu num sábado que, entrando ele em casa de um dos principais dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando. 
 Eis que estava ali diante dele um certo homem hidrópico. 
 E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei, e aos fariseus, dizendo: É lícito curar no sábado? 
 Eles, porém, calaram-se. 
Jesus, tomando-o, o curou e despediu. E respondendo-lhes disse: Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, não o tire logo? 
 E nada lhe podiam replicar sobre isto. 
 E disse aos convidados uma parábola, reparando como escolhiam os primeiros assentos, dizendo-lhes: 
 Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; 
 E, vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro (último) lugar. 
 Mas, quando fores convidado, vai, e assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa. 
 Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado. 
 E dizia também ao que o tinha convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. 
 Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados (estropiados), coxos (mancos) e cegos, E serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas recompensado te será na ressurreição dos justos. 
 Ouvindo isto, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Feliz o que comer pão no reino de Deus!" 
 No início desta passagem, ao curar um doente no sábado, Jesus mostrou que a prática da religiosidade (da espiritualidade) é a solidariedade e isto é mais importante do que ritos e normas de qualquer “espiritualidade” ou religião. 
 “Quando derdes um festim, disse Jesus, não convideis para ele os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados.” Estas palavras, estranhas se tomadas ao pé da letra, são sublimes, se lhes buscarmos o espírito. Talvez Jesus haja pretendido que, em vez de seus amigos, alguém reúna à sua mesa os mendigos da rua, embora Kardec considerou que Jesus apenas serviu-se de imagens fortes, para dar ênfase em seu ensinamento. O âmago do seu pensamento se revela nesta proposição: “E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir.” Quer dizer que não se deve fazer o bem tendo em vista uma retribuição, mas apenas pelo prazer de o praticar. Usando de uma comparação vibrante, disse: Convidai para os vossos festins os pobres, pois sabeis que eles nada vos podem retribuir. Por festins deveis entender, não as refeições propriamente ditas, mas a participação na abundância de que desfrutais. 
 Todavia, aquela advertência também pode ser aplicada em sentido mais literal. Quantos não convidam para suas mesas apenas os que podem, como eles dizem, fazer-lhes honra, ou, a seu turno, convidá-los! Outros, ao contrário, encontram satisfação em receber os parentes e amigos menos felizes. Ora, quem não os conta entre os seus? Dessa forma, grande serviço, às vezes, se lhes presta, sem que o pareça. Aqueles, sem irem recrutar os cegos e os estropiados, praticam a máxima de Jesus, se o fazem por benevolência, sem ostentação, e sabem dissimular o benefício, por meio de uma sincera cordialidade.

 

Leitura sobre Últimos encontros com Jesus

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