domingo, 11 de maio de 2025

Leitura sobre os Ensinamentos Finais de Jesus

 A Videira e os Ramos (João) 
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. 
Todo o ramo em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. 
Vós já estais limpos (purificados), pela palavra que vos tenho falado. 
Estai em mim, e eu em vós; como o ramo de si mesmo não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. 
Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. 
Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como o ramo, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. 
Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. 
Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. 

 Aquele que realmente crê em Cristo é comparado ao ramo que gera frutos. Estes frutos são as boas obras ensinadas por Jesus: ajudar os outros, principalmente os mais necessitados, sem pedir nem esperar nada em troca. Fazer o bem por saber que Jesus é filho de Deus e, sendo uno com o Pai, trouxe os ensinamentos Dele para a humanidade. Estes que creem e realizam a obra divina, podem pedir o auxílio divino em sua jornada, que serão atendidos. 
 Aquele que não gera estes frutos em vida, após a sua morte terá vergonha de sua própria indiferença e/ou de seu próprio egoísmo diante a luz de Deus, condenando a si mesmo ao sofrimento duradouro, que tortura a alma, como o fogo causa dor ao corpo. 
Muitos religiosos gostam de citar que aqueles que não creem em Jesus, serão "lançados ao fogo". Ateus que criticam os evangelhos de Jesus como ensinamentos autoritários também usam este argumento, mas ambos (os religiosos e os ateus) não entenderam ou fingem não entender que isto é explicado (e refutado) no diálogo de Jesus com Nicodemos e em outros trechos do evangelho do próprio João: "é o pecador que não vai à luz por vergonha de sua obra má, e se esconde nas trevas"; "Nem o Pai (Deus) julga"! 
Ser lançado ao fogo, queimar no fogo do gehena e outros termos/ frases similares, são meras figuras de linguagem, úteis para um povo sedento por uma justiça que pune... E isso certamente fez sentido no século 1... Foi usado durante a idade das trevas quando ocorreram a maioria dos concílios que formaram a igreja, e continuou na era medieval, período em que existiram os cruzados e começaram as inquisições. Durou até a renascença, quando (re)surge timidamente o misticismo cristão, oprimido pelas igrejas católicas e protestantes, numa época em que as inquisições e os julgamentos por bruxaria continuaram acontecendo até o iluminismo... O espiritismo surgido na França do séc 19 ressalta um pouco essa piedade de Deus, mas ainda neste início do séc 21, infelizmente ainda temos multidões que acreditam em inferno e em um Deus punidor. Na verdade, desde o iluminismo vem crescendo uma alternativa tão tosca e tão anti-esperança quanto a idéia de inferno como punição eterna: o niilismo - a "certeza" da existência do nada após a vida terrestre. É possível provar a inexistência de algo ou prova-se o que é mensurável, evidente, ou seja, o que existe? Alguém que diz que tem certeza de que nada existe após a morte do corpo, certamente não entende o que é construir conhecimento nem o que é buscar a verdade, pois afirmar inexistência de qualquer coisa é uma contradição por si só, como explica Platão em algumas de suas obras, 4 séculos antes de Cristo. Fala-se sobre o que se conhece, investiga-se o que não é conhecido - isso é um princípio da filosofia "ocidental", no mínimo desde Platão.

 Preservar no Amor de Cristo / Amor Fraterno (João) 
 Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. 
Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. Tenho-vos dito isto, para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa. 
O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. 
Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. 
Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 
Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. 
Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda. 
Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros. 

 Seguir a lei divina, é permanecer no amor fraterno e puro de Deus. Este é o meio para que se tenha a alegria completa. 
Continuando, Jesus diz que se manter no amor de Deus, é amar uns aos outros. Em seguida chama seus discípulos de amigos, uma palavra que pode parecer informal, ou, para alguns, até mesmo superficial, mas se trata da verdadeira amizade - o puro amor fraterno. Amizade não é troca de favores - é devoção, piedade, solidariedade e requer humildade de todas as partes envolvidas no relacionamento. A amizade tem sua importância para além do cristianismo primitivo: A palavra amigo/ amizade aparece em antigos movimentos cristãos alternativos (como o bogomilismo no leste europeu, que apesar de sutis diferenças de crença, chamavam-se “amigos de Deus”) e em outras civilizações como no Bhakti yoga da Índia medieval, onde o serviço devocional a Krishna era chamado de Sakhya. A Sakhya não deve ser predominantemente rígida nem severa e sim, deve ter a leveza de uma amizade. A relevância da amizade também existiu na antiga cultura persa masdeísta, onde o nome da família real Aquemênida, veio de haxamanis, que significa “ter a mente de amigo”. É aceito tanto na religião judaico/ cristã como na história, que Kurus II (Ciro, o Grande), um dos imperadores da Pérsia Aquemênida, libertou os judeus. Nota-se assim que a verdadeira devoção ao Criador deve ser uma amizade com expressões do amor, como a devoção. 

 Ódio do mundo (João) 
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, odiou a mim. 
Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. 
Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. 
Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou. Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado. 
Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai. 
Se eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas agora, viram-nas e me odiaram a mim e a meu Pai. 
Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa. 
Mas, quando vier o Paráclito (Consolador), que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, dará testemunho de mim. 
E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio. 
Tenho-vos dito estas coisas para que vos não escandalizeis (não caiam em pecado). 
Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim. 
Mas tenho-vos dito isto, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo tinha dito. E eu não vos disse isto desde o princípio, porque estava convosco. 

 É possível que Jesus se refira aos deslumbrados pela matéria, quando diz que "o mundo o odeia". Assim, após falar da importância do amor fraterno e de "dar frutos" (praticar seus ensinamentos conscientemente), Jesus fala da vida espiritual - de uma vida além da Terra, o que incomoda os fanáticos pela vida terrena e os viciados nos prazeres e luxos da Terra. Ele também critica aqueles que odeiam por mera rivalidade, intolerância ou xenofobia, quando diz: "...Odiaram-me sem causa."
 E, por fim, fala dos que negaram seus ensinamentos e continuaram em pecado, provavelmente se referindo aos fariseus, saduceus, escribas e outros religiosos corruptos: Estes odeiam a Jesus, e por isso, também odeiam a Deus. 
Mais uma vez cabe a comparação de Maya, a ilusão, a priorização dos prazeres sensoriais do mundo (tridimensional etc) e/ ou do acúmulo de bens materiais, como inimigo de Jesus…  

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