quarta-feira, 30 de abril de 2025

O arrependimento... E Espiritualidade como Sentido de Vida

Este texto não é precisamente uma leitura dos evangelhos e tem um teor mais pessoal, mas ainda assim toca alguns temas espirituais que aparecem na cristandade: o arrependimento por exemplo.

Certamente Deus nos fez para evoluir e não para agirmos por meros instintos de reprodução/ de alimentação. Não para agirmos pelo mero prazer sensorial, mas para amarmos e pensarmos, para entendermos e sermos sábios, o que aponta para ética. Isso é ter esperança... 
Vejamos a vida e seu fluxo por exemplo: da matéria inorgânica (e de uma série de processos que desconheço) deve ter surgido a vida mais rústica/ unicelular. Daí surge a reprodução e depois a vida pluricelular, sejam algas, fungos e/ ou plantas. Surge a vida animal, como invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, aves... e os mamíferos... que vão se tornando bípedes até o surgimento dos hominídeos e sua respectiva complexidade psíquica. 
A vida não deve parar no animalesco que vivia só pela reprodução/ alimentação, pois vida não é a lei do mais forte individualista e segregador. Não é o exagero e o desequilíbrio, onde a vida destrói a vida porque uns poucos querem acumular enormes quantidades de bens materiais ou de prazeres ilimitados, enquanto outros ficam na miséria. Os animais caçam uns aos outros porque sua limitação é sobreviver com base nas necessidades de seus corpos - o ser humano evoluiu de forma bem diferente, pois não é um quadrúpede com presas ou garras. Não tem a maxila tão especializada para morder e mastigar como um leão, um crocodilo ou um cão. Não tem a massa corpórea de um elefante, de um urso nem de um cavalo, pois não vive para priorizar meramente sua própria alimentação nem sommente para fortalecer seu próprio corpo. A existência do ser humano é um indício de que a lei natural, ou a vida em si, existe para algo mais complexo. Existem indícios de que a lei natural é da empatia e da inteligência que age em grupo para além da vida individualista. O intelecto e o sentimento humano abrem novas possibilidades: A lei então é mais do que coletiva - é expansiva, portanto universal. E cada ser deve ser assim, evoluir assim, por mais que existam diferenças que tornem as relações da vida complexas... A lei sendo da empatia, é a lei do psiquismo: o humano deve usar sua capacidade psíquica nesse sentido. De ética: esperança universal; 
Porém eu contrariei isso em um ou mais momentos de minha vida. Porquê? 
Se as formas de vida mais simples que o ser humano não contrariam as leis naturais, então essa contradição é uma monstruosidade.... E essa monstruosidade chegou ao ponto de me causar uma dor profunda... na alma. 
Aí entra o arrependimento... eu estranhei essa palavra por anos. Via na Bíblia e de alguma forma evitava pensar muito sobre o tema. Me acovardava? A palavra arrependimento soava pesada? 
Porquê? Eu achava que era só parar de fazer algo errado para fazer algo certo, ou fazer algo moralmente/ eticamente melhor. De fato, parar de fazer o mal e fazer o bem é bom, mas por anos tive dificuldade em ser sincero na postura benigna. Fiz caridade... ajudei pessoas... mas a mentalidade era muito lenta para abandonar algumas malícias e preconceitos. Fui vencendo alguns preconceitos, porém o processo pareceu não só gradual, mas também sutil... exceto em certos pontos: um dia me lembrei de um conselho ignorante e materialista que dei à minha mãe. Ignorei a necessidade de uma pessoa e a julguei oportunista... Percebi o erro após a morte de mamãe. A pessoa não era o que julguei. 
Arrependido, chorei amargamente. 
Meses se passaram e outra questão me incomodava: qual era a linha que cruzamos ao sermos sexistas? Sexismo é objetificação da vida. Quando objetificamos alguém? Eu tinha cruzado essa linha e tentei me comparar com o que parecia aceito socialmente. 
Não me serviu. Esse parâmetro é hedonista e aceita objetificar (alg)uma(s) pessoa(s) eventualmente: põe o prazer sensorial em 1⁰ plano mesmo que só por instantes, rebaixando o sentimento, o sentido e a alma. Eu já tinha percebido isso em um relacionamento que tive no ano de 2017, mas menti a mim mesmo por muito tempo. Hoje chorei amargamente essas minhas atitudes hedonistas. Eu não preciso cruzar essa linha. 
O arrependimento é uma mudança psíquica e não é gradual... é mais brusco e por isso dói. E isso me dava medo... mas ele cura... a alma. Parece a retirada de algo preso na psiquê. A retirada de algo que nos incapacitava mas parecia confortável. Mas o conforto era um tipo de ilusão que me causava contradição sem que eu entendesse claramente. Se eu deixasse essa contradição em minha psiquê até o fim desta vida, eu teria passado por uma existência sem sentido e sem espiritualidade real. Esse era o abismo que (o espírito de) Abraão diz que existe para o (espírito do) rico que desprezou o leproso no texto de Mateus? Parece que sim.

 

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