terça-feira, 1 de abril de 2025

Leitura ecumênica sobre viver os ensinamentos de Jesus

Entre variadas passagens do evangelho de Jesus, trago algumas passagens atribuídas a Tomé e Filipe as quais parecem dialogar com os temas dos demais textos.

Parábola dos talentos (Mateus, Lucas
Como estava perto de Jerusalém, alguns persuadiam de que o reino de Deus se manifestaria em breve; Jesus acrescentou esta parábola: Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. 
E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
Tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois.
Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles.
E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra na alegria do teu senhor.
E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos.
Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra na alegria do teu senhor.
Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.
Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos.
Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.
Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.

 O que pode ser tirado de bom desta parábola são dois ensinamentos: Não é porque a pessoa tem menos que ela deva abandonar completamente a solidariedade. Ter poucos bens ou poucas capacidades, não é desculpa para ser insensível, nem desculpa para ser egoísta ou preguiçoso. O segundo ensinamento é que, considerando que foi Jesus quem contou esta parábola, certamente o dinheiro refere-se às condições para se fazer o bem. E isto se refere mais à capacidade do que ao dinheiro em si! O patrão dos servos deu capacidades aos seus servos e o menos capaz ao invés de fazer pouco, de acordo com sua capacidade menor em relação aos dois outros servos, escolheu FAZER NADA. O patrão aqui seria Deus e os servos, os diferentes tipos de seres humanos. Um ensinamento de Cristo jamais ensinaria a lidar com finanças ou com negócios. Isto seria contra diversos outros ensinamentos cristãos que afirmam que é mais importante ser solidário e humilde do que planejar coisas do cotidiano! A atenção às coisas da Terra deve ser dada com humildade, cuidando apenas do dia em que se vive, um de cada vez - Pois planejar ganhos materiais além do básico necessário para a vida, nunca fez parte dos ensinamentos de Cristo. O espiritismo complementa este ensinamento, indicando um caminho para equidade e para o desenvolvimento da empatia solidária: O acúmulo de grande fortunas só se justifica, se esta fortuna for aplicada para o bem da humanidade / para o progresso da humanidade.

 Discussão entre Jesus e os Fariseus (João)
Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.
Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro. Respondeu Jesus, e disse-lhes: Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis de onde venho, nem para onde vou.
Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo. E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. 
E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. 
Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou. 
Disseram-lhe, pois: Onde está teu Pai? Jesus respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai. 
Estas palavras disse Jesus no lugar do tesouro (cofre de esmolas), ensinando no templo, e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora. 
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu retiro-me, e buscar-me-eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, não podeis vós vir.
Diziam, pois, os judeus: Porventura quererá matar-se a si mesmo, pois diz: Para onde eu vou não podeis vir?
E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.
Disseram-lhe, pois: Quem és tu?
Jesus respondeu: Isso mesmo que já desde o princípio vos disse. Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo.
Mas não entenderam que ele lhes falava do Pai.
Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU, e que nada faço por mim mesmo; mas isto falo como meu Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.
Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele.

 Jesus explica que os fariseus julgavam segundo a carne, ou seja, eram materialistas: Eles achavam aceitável viver no luxo enquanto tantas pessoas viviam na miséria sem amparo algum. Os fariseus ainda desvirtuaram a religiosidade (espiritualidade) ensinada pelos profetas, se apegando meramente a ritos, vestimentas, cerimônias e templos. Jesus em sua constante solidariedade, sempre ajudando os mais necessitados, ensinava a lei divina não só através de palavras, mas através de seus próprios atos. Jesus ainda diz que pessoas como os fariseus não conhecem a Deus, pois não praticam a solidariedade e desprezam os mais necessitados. Quando Jesus diz que vai para onde os fariseus não podem ir, ele quis dizer que quando sua hora chegar, vai ao reino dos céus enquanto os fariseus apegados às coisas terrenas sofrerão as consequências de suas escolhas egoístas.
Ao dizer “nada faço por mim mesmo, mas isto falo como meu Pai me ensinou”, Jesus indica que está livre do mundo (material, sensorial) e uno com Deus. Isto está de acordo com o hinduísmo, como mostra a obra Bhagavad Gita (V: 8 e 9 da tradução de Edwin Arnold): “Nada do que faço sou eu quem faz. Assim pensará quem se atém à verdade das verdades. Sempre seguro que este é o mundo dos sentidos que brincam com as sensações”... 

 Jesus é o Todo (Tomé)
Jesus disse: Quem acredita que o Todo em si é deficiente, é (ele mesmo) completamente deficiente. Eu sou a luz que está acima de todos eles. Sou eu quem sou o Todo. De Mim veio o Todo, e para Mim se estendeu o Todo. Parta um pedaço de madeira, e eu sou ali. Levante a pedra, e você me encontrará lá.

 Assim como Deus é transcendente, Tomé indica que Jesus também é, pois Cristo é uno com o Pai. Certamente Jesus, no Reino dos Céus, (ou no Aeon, como chama Filipe), viu todos os profetas encarnarem e desencarnarem na Terra. Assim como João e Filipe, Tomé também mostra o caráter sagrado da luz… 
Este argumento de que Jesus é uno com Deus certamente é polêmico em diálogos inter religiosos: Pode parecer um discurso de poder utilizável pelas igrejas para alegar que o cristianismo é a única religião verdadeira ou que é superior a outras religiões por que “Jesus é Deus, o Todo” etc. Este é um dos motivos do porquê muitos espíritas criticam tal argumento. Porém esta união de Jesus com Deus não contradiz necessariamente o espiritismo nem as outras religiões, vejamos alguns exemplos disto: O espiritismo busca explicações filosóficas ao tentar aproximar a espiritualidade cristã da ciência, mas nem o movimento espírita, nem a ciência tem a resposta para tudo até este início de século 21. O espiritismo não considera que Jesus seja Deus, mas dá a entender que ele é o espírito mais elevado (bom, puro, justo etc) que passou pela Terra e possivelmente é o espírito mais próximo de Deus, podendo ter agido como o “medium de Deus" durante sua vida terrestre. 
No sanatana dharma (hinduísmo) alguns iogues indicam ter alcançado essa unidade com o Todo, ou seja com Deus que é sinônimo do onipresente Brahman. Então Jesus como alguns desses yogues e sris (santos) das religiões hindus poderiam estar em plena harmonia com Deus e toda sua criação. 
É possível que Jesus seja transcendente de tal forma, que seu espírito (sua verdadeira forma) seja tão pura e de um amor tão expansivo, que é mais adequado compará-lo com Deus do que com a maioria dos humanos, sejam profetas ou espíritos benevolentes encarnados. Tanto que o espiritismo diz que os espíritos mais puros e mais próximos de Deus são capazes de se comunicar em vários locais ao mesmo tempo, praticamente transcendendo o espaço-tempo.
Porém isto não deve ser desculpa para não praticar os ensinamentos de Jesus nem para separá-lo dos fiéis e de pessoas que vivem conforme a lei de amor, pois o mais importante é que esta pureza não é coisa impossível de ser alcançada: Ela também é fruto de Jesus encarnado como humano! É fruto de suas ações tanto solidárias, como instrutivas: Jesus nos ensina através de suas palavras e de suas práticas que fazer o bem faz bem. As falas de Jesus como “... está escrito em vossa lei: vós sois deuses” e “se alguém dizer a este monte: ergue-te e lança-te ao mar e não duvidar em seu coração, mas crer no que se fará o que diz, assim será com ele” mostram que é possível se unir a Deus através da vivência da lei de amor em prática e em mentalidade. 

 (Continuação da Discussão entre Jesus e os Fariseus)
Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. 
Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós. 
Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. 
Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. 
Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto. Vós fazeis as obras de vosso pai. 
Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de fornicação; temos um Pai, que é Deus.
Respondeu-lhes, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus.
Responderam, pois, os judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós bem que és samaritano, e que tens demônio?
Jesus respondeu: Eu não tenho demônio, antes honro a meu Pai, e vós me desonrais. Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue. Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
Disseram-lhe, pois, os judeus: Agora conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte. És tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E também os profetas morreram. Quem te fazes tu ser?
Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus. E vós não o conheceis, mas eu conheço-o. E, se disser que o não conheço, serei mentiroso como vós; mas conheço-o e guardo a sua palavra.
Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.
Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão?
Disse Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.
Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou.

 Jesus sempre disse apenas a verdade, nunca mentindo. Pois a verdade liberta, enquanto mentir é ocultar, distorcer e poluir os fatos, os pensamentos e os sentimentos, uma manobra típica de quem prioriza a si próprio, desprezando os outros. 
Jesus glorificou seu Pai (Deus), propagando seus ensinamentos de amor e realizando suas obras, enquanto os fariseus mal intencionados e sempre desejosos de se livrarem de Jesus, alegavam ser filhos de Deus invocando uma ancestralidade (linhagem sanguínea, materialista) de Abraão. 
Jesus diz que aquele que comete pecado é servo do pecado, dando a entender que o pecado é como o vício. É preciso um esforço, como o arrependimento, para se deixar o pecado. Ora, se a mentira em todas suas facetas é pecado por confrontar a verdade, a mentira também é um vício e a verdade é o que realmente liberta.
Nas obras de Platão, o autor menciona que seu mestre Sócrates, ensinou que o vício é o que mais se aproxima de destruir a alma, mas que mesmo este é incapaz de destruí-la. Obviamente a alma aqui pode ser tanto sinônimo de mente, como uma porção espiritual do indivíduo vinculada à mente. A kriya yoga afirma que tanto os rishis (sábios hindus), como os profetas do Velho Testamento (judeus) sabiam sobre Maya, só que estes últimos a chamavam de Satã. De fato os opositores de Jesus, como os fariseus, tinham a mentalidade e a atitude materialista, ou seja, eram “filhos” de Maya: Isto pode ser notado pela importância que davam à "ancestralidade" sanguínea / linhagem familiar, à ritualística, às aparências e às suas posições privilegiadas na sociedade. Assim, Maya pouco difere de Satã, ou de diabolos em grego. Jesus, ou a Consciência Crística se manifestou na Terra para libertar as pessoas desta ilusão.

 O oculto e o revelado, A ignorância e a verdade (Filipe) 
 … Se ignoramos (a nossa maldade), ela se enraíza em nós e produz seu fruto em nosso coração. Ela nos torna seus escravos. É poderosa porque não a reconhecemos, pois enquanto existe, está ativa. 
A ignorância é a mãe de todos os males. A ignorância resultará em morte, porque aqueles que vêm da ignorância não foram, nem são, nem serão. [...] 
serão perfeitos quando toda a verdade for revelada. Pois a verdade é como a ignorância: enquanto está escondida, repousa em si mesma, mas quando é revelada e reconhecida, é louvada, pois é mais forte que a ignorância e o erro. Dá liberdade. A Palavra disse: "Se conhecerdes a verdade, a verdade vos libertará" (Jo 8:32). A ignorância é uma escrava. Conhecimento é liberdade. Se conhecermos a verdade, encontraremos os frutos da verdade dentro de nós. Se nos unirmos a ela, ela trará nossa realização.

 Aqui, Felipe explica e complementa o texto de João sobre a discussão entre Jesus e os fariseus. A maldade e a ignorância são como vícios e devemos encará-los e superá-los corrigindo nossos erros, buscando o bem e o conhecimento. Todo ensinamento de Jesus é sobre a prática do bem, pois seu amor é humilde, piedoso, solidário e expansivo - leva esperança por onde passa. 
Apesar disto, muita gente pode achar que o conhecimento é independente do bem e que há conhecimento “neutro”. Isso porém é uma falácia pois todo pensamento e toda ação tem uma finalidade seja ela mais ou menos clara - tem uma intenção. 
Platão em sua obra indica como o verdadeiro conhecimento (a episteme) é indissociável das mais elevadas virtudes ou excelências como kalos (a bondade e a beleza), sophrosyne (moderação e autocontrole), coragem e justiça. Tais virtudes são alcançáveis pela psiquê em sua atividade cognoscível e devem ser colocadas em prática para um convívio justo em sociedade e para que a alma tenha um bom destino em sua imortalidade. 

 O ser verdadeiramente livre não peca: Ama espiritualmente (Filipe) 
Aquele que conhece a verdade é um homem livre, mas o homem livre não peca, pois "Quem peca é escravo do pecado" (João 8,34). A verdade é a mãe, o conhecimento, o pai. 
Aqueles que pensam que o pecado não se aplica a eles são chamados de "livres" pelo mundo. O conhecimento da verdade apenas torna essas pessoas arrogantes, que é o que as palavras "torna-as livres" significam. Até lhes dá uma sensação de superioridade sobre o mundo inteiro. 
Mas "o amor edifica" (1 Coríntios 8:1). De fato, quem é realmente livre, pelo conhecimento, é escravo, por amor a quem ainda não conseguiu alcançar a liberdade do conhecimento. O conhecimento capacita-os a se tornarem livres. O amor nunca chama algo de seu, [...] Nunca diz "Isto é seu" ou "Isto é meu", mas "Tudo isso é seu". O amor espiritual é vinho e fragrância. Todos os que se ungem com ela têm prazer nisso. Enquanto aqueles que são ungidos estão presentes, aqueles que estão próximos também lucram (com a fragrância). Se os ungidos com ungüento se afastam deles e vão embora, então os não ungidos, que apenas ficam por perto, ainda permanecem em seu mau cheiro. O samaritano não deu nada além de vinho e azeite ao ferido. Não é nada mais do que a pomada. Curou as feridas, pois "o amor cobre uma multidão de pecados" (1 Pedro 4:8).

 A verdade não é má, bem como o conhecimento que leva a verdade. Portanto quem realmente conhece a verdade sente uma necessidade de libertar quem ainda está preso na ignorância. Platão mostra isso na parábola (ou mito) da caverna: O verdadeiro conhecimento nos liberta pelo amor (pela ideia/eidos do bem/kalos), e o amor existe para ser transmitido/ para ser expresso e relacionar-se com os outros. Esse amor não é possessivo nem opressor como Filipe indica. Portanto, isto difere de impor a mera opinião aos outros, pois é uma ato de se livrar espiritualmente de intenções e desejos egoístas.
Filipe indica que ao nos livrarmos de nossos desejos egoístas, sejam eles de preguiça, luxúria, avareza, maledicência, orgulho/ vaidade, fúria, intolerância, ódio, ganância ou qualquer outro, nós estaremos cada vez mais aptos a praticar o bem, ou seja, a lei divina de amor. Assim podemos ser mais plenamente humildes, moderados, pacientes, amigáveis, piedosos etc. Esta prática nos leva à verdade, ao verdadeiro conhecimento e ao amor, nos fazendo mais compreensivos e empáticos. É a partir daí que nos tornamos verdadeiramente livres, pois nos desapegamos dos desejos fúteis e dos egoístas, passando a nos aproximar cada vez mais dos seres mais puros, ou seja, dos que são mais próximos de Deus. 

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